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ONU fala de “movimento sem precedentes” de líbios a fugir de combates

Tarek Mitri. Foto: ONU/Loey Felipe

ONU fala de “movimento sem precedentes” de líbios a fugir de combates

Chefe da operação de paz aponta divisões entre fações políticas e ação de grupos armados; Trípoli e Bengazi registam maior número de confrontos e de ataques aéreos.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque. 

O chefe da Missão das Nações Unidas na Líbia, Unsmil, estima que entre 100 mil a 150 mil pessoas já deixaram o país em busca de refúgio no exterior.

Falando esta quarta-feira no Conselho de Segurança, Tarek Mitri, disse que na capital Trípoli é observado um movimento sem precedentes da população que tenta escapar de combates.

Grupos 

Os confrontos armados são tidos como a causa e a consequência das profundas divisões entre fações políticas no país.

Mitri disse que a Câmara dos Deputados considera “terroristas e bandidos” aos grupos Fajr Líbia ou Desperta Líbia, e o Ansar al Sharia. No leste atuam forças leais ao General Khalifa Haftar e forças especiais do exército.

Por outro lado, o extinto Congresso Geral Nacional designou Omar al-Hasi como primeiro-ministro e pediu que este formasse um “governo de salvação nacional.”

O chefe da Unsmil sublinhou que muitos líbios estão céticos em relação ao processo político no país e frustrados com as autoridades.

Criminalidade 

Entre as principais dificuldades mencionou carências de alimentos, de combustível, de água e de eletricidade. A situação agravou com a saída de técnicos, a falta de médicos estrangeiros e suprimentos médicos além do aumento da criminalidade.

Mitri alertou ainda para o potencial de os combates disseminarem resíduos de guerra explosivos e engenhos não-detonados, que representam uma nova ameaça aos civis.

Presença da ONU 

O responsável disse que um eventual reforço da presença da ONU pode ser amplamente apoiado, mas defendeu haver falta de clareza sobre as modalidades e o tipo de apoio esperado.

Conforme explicou, a principal e recorrente necessidade é que a organização possa contribuir de forma mais eficaz para proteger a população civil. É nas cidades de Trípoli e Bengazi onde ocorrem mais confrontos e ataques aéreos, destaca o informe.