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RD Congo: general diz ter esperança mas pede prudência contra milícias

Carlos Alberto dos Santos Cruz. Foto: ONU/Clara Padovan

RD Congo: general diz ter esperança mas pede prudência contra milícias

Comandante das forças da ONU descreve cenário onde atuam vários grupos armados;  Conselho de Segurança realça papel angolano na liderança de organismo regional dos Grandes Lagos.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque. 

O general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz vê esperança mas pede prudência para o fim de milícias na República Democrática do Congo, RD Congo.

As declarações à Rádio ONU foram feitas pelo comandante das tropas da Missão das Nações Unidas no país africano, Monusco, após os membros do Conselho de Segurança terem reafirmado o seu apoio para a neutralizar rapidamente as milícias Fdlr.

Estabilidade

Para o órgão trata-se de uma prioridade para que haja estabilidade na RD Congo e na região dos Grandes Lagos. Falando de Kinshasa, Santos Cruz apontou os desafios.

“Tem uma variedade muito grande de grupos espalhados numa região do norte a sul, no leste do país. Vejo esperança talvez não com a esperança e a velocidade que se deseja, mas existe um trabalho muito sério das Forças Armadas do Congo que estão empenhadas na luta para neutralizar os grupos armados. Há uma evolução muito grande. Se vê a dedicação e empenho na derrota do M23, a ADF que é um grupo muito difícil ainda talvez da campanha muito desgastante com muitas perdas. Mas a determinação das Forças Armadas do Congo foi muito importante com informações com o apoio da ONU.”

O Conselho de Segurança elogiou a presidência angolana da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, Cirgl. Em março e agosto deste ano, o país organizou cimeiras de Chefes de Estado e de Governo regionais em Luanda.

Três Fdlr

Mas Santos Cruz falou da importância de se gerir as expectativas perante um cenário que considera complexo.

“É muito importante compreender que a Fdlr não é um grupo único. Divide-se em três grupos nesse momento. O Fdlr Foca, que está participando no processo de desarmamento. Os outros dois não participam nesse processo voluntário: o grupo Rude e Soc. São nomes dados por esses dissidentes, que estão numa área muito dispersa e as ações contra eles devem começar muito em breve.”

Na sua declaração, o Conselho de Segurança lembra que os líderes e membros do Fdlr estão entre os autores do genocídio de 1994 contra os tutsis e hutus moderados no Ruanda.

Assassinatos

No país, o grupo sancionado pelas Nações Unidas é responsabilizado pelos assassinatos de base étnica em ações que também foram realizadas em território congolês.

Os países-membros citam relatos recentes de contínuos abusos dos direitos humanos por parte de membros das Fdlr e o recrutamento e treino de combatentes, incluindo crianças.