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Para Brasil, “padrão” de ataques no Oriente Médio não deve ser aceito BR

Foto: ONU/Mark Garten

Para Brasil, “padrão” de ataques no Oriente Médio não deve ser aceito

Vice-embaixador na ONU condena “uso desproporcional” da força por parte de Israel e lançamento de foguetes a partir de Gaza; Guilherme Patriota participou de sessão informal na Assembleia Geral.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

A sessão informal da Assembleia Geral sobre o conflito entre israelenses e palestinos contou com a participação de vários países, como o Brasil.

Nesta quarta-feira, o vice-chefe da Missão Brasileira, Guilherme Patriota declarou, em Nova York, que a comunidade internacional não deve permitir que o futuro do Oriente Médio seja ditado por “tensão, violência e explosões periódicas”.

Paz

Falando em inglês, o vice-embaixador afirmou que não se pode mais aceitar “o padrão de eventos na Palestina e em Israel”. Patriota afirmou que o Brasil deseja a Israel o mesmo que deseja para si: uma vida em paz e num ambiente estável.

Mas segundo o representante, isso não será alcançado “com o uso desproporcional da força” imposto na operação contra Gaza, que é “fortemente condenada pelo Brasil”.

Condenações

Guilherme Patriota ressaltou que “Israel não irá alcançar segurança duradoura com a ocupação da Palestina”. Ao mesmo tempo, o vice-embaixador declarou que o Brasil condena o lançamento de foguetes e de morteiros a partir de Gaza, e a colocação de armas dentro de prédios da ONU na região.

A Assembleia Geral ouviu também as declarações do embaixador de Israel na ONU. Segundo Ron Prosor, seu país “está na linha de frente da guerra contra o extremismo radical”.

Motivos

O embaixador garantiu que Israel fez tudo o que podia para “evitar o conflito”, tendo aceitado todos os pedidos de cessar-fogo.

Prosor explicou que os israelenses foram enviados para Gaza por uma única razão, a de restaurar a calma em Israel e acabar com a infraestrutura do Hamas, que segundo ele, “tem produzido terror e violência por mais de uma década”.

Assassinatos 

O embaixador palestino junto à ONU também discursou na Assembleia Geral e defendeu que “nada pode justificar os assassinatos” de civis e a destruição de casas e da infraestrutura em Gaza.

Riyad Mansour considerou que a região vive “um desastre humanitário”, com grandes consequências nos setores social, econômico e de saúde. O embaixador palestino afirmou que “nada justifica a imposição de terror e de trauma num povo”.

Segundo Mansour, a Palestina também busca soluções duradouras e justas para resolver questões que estão por trás do conflito, como o bloqueio imposto por Israel.

Mediação

Mais de 1,8 mil palestinos já morreram, a maioria civis, desde o início dos ataques, há quase um mês. Do lado israelense, 64 soldados e três civis perderam a vida.

O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio está em Cairo, onde mediadores do Egito tentam convencer israelenses e palestinos a prolongar o cessar-fogo que está em vigor. A pausa atual deve durar pelo menos 72 horas.

Robert Serry participou da sessão na Assembleia por videoconferência e afirmou que a “crise atual é um sintoma da falha coletiva da comunidade internacional” em lidar com as causas subjacentes do conflito.

A alta comissária para os Direitos Humanos, Navi Pillay, também fez declarações a partir de Genebra, pedindo investigação pelos crimes cometidos durante a atual crise em Gaza, e também nas operações militares em 2008/2009 e em 2012.

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