Segundo Pillay, queda do voo MH17 pode ser “crime de guerra”
Alta comissária da ONU para os Direitos Humanos divulgou relatório sobre a situação na Ucrânia; Navi Pillay fala em mais de mil mortos e num “reinado de medo e de terror” imposto por grupos armados.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos declarou que “a terrível derrubada do avião da Malaysia Airlines” em 17 de julho foi uma “violação da lei internacional” e pode ser considerada “crime de guerra”.
Navi Pillay quer investigação eficaz, independente e imparcial sobre a queda do voo MH17. Nesta segunda-feira, a alta comissária lançou um relatório sobre a situação na Ucrânia, que segundo ela, é “extremamente alarmante”.
Tortura
Pillay afirma que grupos armados realizam um “reinado de medo e de terror” contra a população do leste da Ucrânia e continuam sequestrando, detendo, torturando e executando pessoas.
Segundo a alta comissária, esses grupos são muito bem organizados e bem equipados militarmente, intensificando “seu desafio ao governo ucraniano”. Em resposta, houve aumento das operações de segurança do governo em áreas controladas por grupos armados.
Mortos
O relatório de Navi Pillay destaca que é difícil calcular com precisão o total de mortos, mas pelo menos 1,1 mil pessoas morreram desde meados de abril e mais de 3,4 mil ficaram feridas.
A piora na segurança no leste causou impacto em todo o país, com mais de 100 mil civis deixando áreas de conflito e buscando abrigo temporário em outras regiões da Ucrânia.
O documento lista exemplos de 812 pessoas sequestradas ou detidas por grupos armados em Donetsk e Luhansk, incluindo políticos, professores, jornalistas, membros do clérigo e estudantes.
Economia
A alta comissária chama a atenção também para o impacto da crise econômica na Ucrânia e da “triste” situação no leste, o centro industrial do país. Segundo o relatório, prédios públicos foram tomados, bancos, fábricas e negócios foram fechados e grandes indústrias e minas foram severamente danificadas.
Os custos para reconstruir e revitalizar o leste seriam cerca de US$ 750 milhões, segundo o governo. Pillay pede aos dois lados em confronto que previnam a morte de mais pessoas, já que as ações na Ucrânia podem ser consideradas violações do direito humanitário internacional.
Em Crimeia, a situação de direitos humanos também continua preocupante para Navi Pillay, que cita “assédio e discriminação contra ucranianos, tártaros, minorias religiosas e ativistas que são contra o referendo de 16 de março".
O relatório conclui ser preciso priorizar, com urgência, a atenção à boa governança, ao direito e às questões dos direitos humanos. Pillay quer ainda que sejam levados à justiça “todos que cometem sérias violações, como crimes de guerra”, independentemente de quem sejam.