Desalojamentos vão agravar segurança alimentar no Sahel, alerta FAO
Conflitos impulsionam fluxo de centro-africanos, nigerianos e malianos; agência aponta para défice de US$ 100 milhões para responder à necessidade de uma parte dos necessitados.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A insegurança alimentar crónica na região do Sahel deteriora ainda mais devido ao deslocamento da população, alertou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.
A agência sublinha que cidadãos centro-africanos e nigerianos precisam de ajuda urgente e estão a seguir com destino a nações como Camarões, Níger e Chade.
Reservas
As comunidades anfitriãs usam as próprias reservas alimentares e recursos limitados, na grande maioria dos casos, para atender uma parte das necessidades dos refugiados.
Até fevereiro, a agência tinha registado 20 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar na região africana.
No mesmo mês, foi lançado um apelo humanitário de US$ 116 milhões para apoiar a uma parte dos mais vulneráveis. Mas o combate à fome é impedido pelo défice de financiamento de US$ 100 milhões.
Recursos Naturais
Por outro lado, ao deixarem as suas casas os desabrigados levam rebanhos que colocam pressão adicional sobre os recursos naturais e as áreas cultivadas dos anfitriões. A FAO aponta que esse é um fator de risco para conflitos intercomunitários.
A agência aponta igualmente que se regista um fluxo de pessoas do norte para o sul do Mali e para as nações vizinhas devido aos recentes confrontos.
Famílias
A agência pede aos doadores internacionais que renovem o compromisso de combate à fome e à insegurança alimentar “protegendo e reforçando a capacidade de resistência das famílias carenciadas.”
Em 2014, a ONU e vários parceiros humanitários lançaram um plano estratégico de resposta, no âmbito do compromisso Fome Zero no Sahel.
A ideia é criar a resistência a longo prazo com ações para ajudar a resolver as causas profundas da fome. O plano também inclui o rápido aumento de medidas para responder imediatamente à insegurança alimentar e as necessidades nutricionais das pessoas em situação de risco.