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Brasil sobe e fica em 79º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU BR

Foto: Pnud Brasil/Kenia Ribeiro

Brasil sobe e fica em 79º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU

Relatório do Pnud foi lançado nesta quinta-feira, em Tóquio; 187 países foram avaliados e, assim como no ano passado, Noruega lidera o ranking; último colocado é o Níger.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York*

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, lançou o relatório sobre Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, nesta quinta-feira, em Tóquio. O documento mostra que o nível de desenvolvimento continua subindo no mundo, mas em ritmo mais lento. O relatório inclui dados sobre renda, gênero, educação e saúde.

Assim como no ano passado, a Noruega lidera o ranking, seguida da Austrália, da Suíça, da Holanda e dos Estados Unidos. Nas últimas colocações da lista estão Níger, República Democrática do Congo, República Centro-Africana e Serra Leoa, países que também ocupavam as últimas posições em 2012.  O relatório avalia 187 países.

Brasil

O Brasil subiu uma posição e aparece em 79º lugar no IDH. O país está no grupo de nações com “desenvolvimento elevado” e é elogiado pelas políticas nacionais de distribuição de renda, como o Bolsa Família. De acordo com o Pnud, o programa tem sido associado ao declínio na pobreza extrema no país.

De Nova York, a assessora de comunicação da agência da ONU, Carolina Azevedo, falou à Rádio ONU sobre o desempenho brasileiro.

“O Brasil ficou em 79 entre os 187 países, está no grupo de desenvolvimento humano alto. É bom destacar que o IDH do Brasil foi o que mais cresceu entre os países da América Latina, com uma alta acumulada no período de 36%.”

Segundo o documento, a expectativa de vida do brasileiro é de 73,9 anos. A média de anos na escola é de 7,2 anos, quase a metade dos 12,6 anos na Noruega.

Emprego e Renda

O documento menciona que o aumento do salário mínimo foi uma resposta do Brasil à crise econômica e contribuiu para uma melhoria na distribuição de renda no país.

O Produto Interno Bruto, PIB, per capita é de US$14,2 mil, usando como medida a paridade do poder de compra, PPP em dólares. O relatório menciona também o orçamento participativo no Brasil como um exemplo de engajamento bastante difundido dos cidadãos.

O IDH destaca que o crescimento do consumo dos 40% mais pobres da população brasileira foi mais rápido que na média mundial. O documento aponta também que houve uma queda de 29% para 20% na força de trabalho na agricultura no Brasil entre  1980 e 2006.

Segundo o relatório, apesar de um recente avanço na redução da miséria, mais de 2,2 bilhões de pessoas no mundo estão vivendo na pobreza ou estão sob risco de pobreza, como explicou Carolina Azevedo.

“O relatório este ano busca chamar a atenção para as pessoas que são vulneráveis. Milhões de pessoas no mundo que estão mais expostas às crises. Crises financeiras, desemprego, catástrofes naturais. Segundo o relatório, são mais de 2,2 bilhões de pessoas à beira da pobreza e não só em termos de renda, mas também em acesso a serviços sociais básicos, como saúde e educação.”

Educação e Saúde

Segundo o Pnud, em geral, a expectativa de vida cresceu, graças à queda na mortalidade infantil, um número menor de mortes causados pelo HIV/Aids e melhora da nutrição.

De acordo com o relatório, os esforços do Brasil para reduzir a desigualdade, promovendo a distribuição de renda e acesso universal à educação e saúde, entre outros, tem melhorado a nutrição infantil, resultando na maior redução do nanismo entre os 20% mais pobres da população.

O relatório mostra que disparidades na educação persistem. No caso brasileiro, o Pnud menciona políticas de ação afirmativa e diz que o país está tentando reduzir as disparidades raciais. São citados ainda os postos reservados para os menos favorecidos em universidades federais.

Gênero

Segundo o Pnud, a desigualdade de gênero está caindo em todo o mundo e o  Brasil ocupa a 85ª posição neste ranking. O país mais desigual é o Afeganistão, onde o índice para mulheres é apenas 60% daquele dos homens.

O relatório deste ano introduz um Índice de Desenvolvimento de Gênero, que avalia a questão 148 países. A colocação dos países no ranking leva em consideração tanto as lacunas que desfavorecem tanto mulheres quanto homens.

Em 16 países, entre eles a Argentina e o Uruguai, o índices de Desenvolvimento de Gênero das mulheres são iguais ou maiores que os dos homens.

Metodologia

O Índice de Desenvolvimento Humano deste ano, assim como toda a série de IDHs de 1980 a 2013, incorporou as novas taxas de conversão de moedas nacionais do Banco Mundial por paridade do poder de compra, PPP, em dólares, assim como o última revisão dos dados de população da ONU.

Segundo o Pnud, não seria correto, então, comparar os dados deste ano com outros publicados em relatórios anteriores.

Apesar do avanço, o Brasil ficou atrás de alguns vizinhos, como Argentina, Chile, Venezuela e Uruguai. No entanto, está à frente de importantes parceiros do Brics, como China, Índia e África do Sul.

Entre os integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, Portugal é o melhor colocado no ranking, na 41ª posição. No lugar 178, Moçambique é o que tem a posição mais baixa na lista entre as nações lusófonas.

Segundo o Pnud, os grupos com desenvolvimento mais baixo parecem estar melhorando em taxas maiores, o que gera otimismo de que a lacuna entre os grupos com IDH mais baixo e mais alto esteja se estreitando.

*Apresentação: Mônica Villela Grayley.