Banco Central de Angola está em situação “confortável”, avalia FMI

Órgão tem mais de US$ 31 mil milhões em reservas internacionais, mas missão do Fundo Monetário Internacional indica contenção de crescimento dos gastos atuais; PIB em 2014 deve fechar a 3,9%.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Após uma missão em Angola de duas semanas, encerrada na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional, FMI, divulgou um balanço sobre a situação financeira do país.
A equipa, liderada por Ricardo Velloso, considera ter feito discussões produtivas com autoridades de governo e do setor privado, com foco nos recentes desenvolvimentos económicos.
Inflação
Segundo o FMI, a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, de Angola para 2014 é moderada, de 3,9%. O motivo é a diminuição da expansão agrícola e queda temporária na produção de petróleo durante a primeira metade do ano.
Para 2015, o PIB pode acelerar para 5,9%. A inflação anual continua a descer mais rápido do que o esperado e pode ter caído a menos de 7% entre maio e junho. A projeção para o final do ano é de aumento, com a inflação a 7,5% devido aos efeitos da nova agenda de tarifas de importação.
Petróleo
O FMI afirma que as reservas internacionais do Banco Central de Angola estão numa situação “confortável”, com US$ 31,2 mil milhões. A missão avalia que a expansão fiscal a ser implementada sob o orçamento de 2014 ocorre numa época de abrandamento das receitas do petróleo, o que deteriorou o balanço fiscal.
A equipa do Fundo recomenda cautela, já que realizar “o ambicioso programa de gastos” das autoridades requer um esforço maior nas receitas domésticas, restrição do crescimento dos gastos atuais e melhorias na eficiência do investimento público.
Representantes
O FMI considera crítico manter as políticas fiscais e monetárias a proteger contra uma crise nas receitas de petróleo. Neste sentido, recomenda o desenvolvimento de um fundo de estabilização do petróleo e melhor coordenação da administração dos ativos financeiros públicos angolanos.
A missão do Fundo Monetário Internacional encontrou-se com os ministros das Finanças, Economia, Comércio, Agricultura, Integração Social, Petróleo e Construção, além de outros representantes do governo.
Durante a visita, a equipa ouviu representantes do setor financeiro de Angola, da estatal petrolífera Sonangol e de organizações não-governamentais e religiosas.