No Iémen, mais de 40% da população enfrenta insegurança alimentar

Estudo revela que mais de 10 milhões de pessoas desconhecem a origem da próxima refeição; país asiático tem mais de dois raquíticos a cada cinco menores de cinco anos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
Mais de 40% da população iemenita não sabe de onde virá a sua próxima refeição, segundo resultados preliminares de um novo estudo de agências das Nações Unidas.
De acordo com a pesquisa do Programa Mundial de Alimentação, PMA, e do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, trata-se de mais de 10 milhões de pessoas a viver na situação.
Fome
O Inquérito da Segurança Alimentar refere que, apesar de melhorias em algumas áreas, cerca de 5 milhões de pessoas passam fome.
No país, que continua a carecer de assistência em alimentos, a prevalência de desnutrição crónica entre menores de cinco anos ultrapassa os padrões internacionais considerados críticos.
Apesar de um ligeiro declínio nos níveis de insegurança alimentar de 45% para 41%, desde a pesquisa de 2011, não houve grandes variações nas diferentes províncias.
Disparidades
As áreas rurais são as mais afetadas. As disparidades em índices de situação de insegurança alimentar variam de 70%, na província nortenha de Saada, para menos de 10% em Al Mahra, no leste.
Há também uma desproporção nas taxas de desnutrição que vai desde o nível agudo nas três províncias costeiras do leste, para grave ou fraca, em quase todos os outros pontos.
Sustentabilidade e Resiliência
O PMA anunciou que vai apoiar 6 milhões de pessoas, com maior foco na criação de meios de subsistência sustentáveis, além da resiliência. O objetivo é que as vítimas sejam capazes de ajudar a si mesmas.
O diretor da agência no Iémen disse que a insegurança alimentar teve impacto sobre a estabilidade nacional. Para Bishow Parajuli, as pessoas “precisam ser capazes de viver uma vida normal e não se preocupar com a origem da sua refeição seguinte para o sucesso do processo político.”
O estudo revela que dos cerca de 4,5 milhões de crianças menores de cinco anos mais de duas em cada cinco são raquíticas, enquanto quase 13% estão gravemente desnutridas.
*Apresentação: Denise Costa.