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OMS: grupos de risco não recebem tratamento adequado contra HIV BR

Antirretrovirais. Foto: OMS/Christina Banluta

OMS: grupos de risco não recebem tratamento adequado contra HIV

Pela primeira vez, Organização Mundial da Saúde recomenda fortemente uso preventivo de antirretrovirais para homens que fazem sexo com homens; agência lança recomendações de prevenção e tratamento.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 

A falta de serviços adequados de HIV para grupos-chave ameaça os progressos de resposta ao vírus, segundo a Organização Mundial da Saúde.

A agência lançou esta sexta-feira uma série de recomendações aos países para prevenção, diagnóstico e tratamento de quem tem mais risco de adquirir Aids.

Drogas

De Genebra, a diretora de Direitos e Gênero do Unaids, o Escritório Conjunto da ONU para HIV/Aids, Mariângela Simão, explicou à Rádio ONU quem são essas pessoas. 

“As trabalhadoras sexuais, homens que fazem sexo com homens, usuários de droga injetável e no caso dessas guias para prevenção, diagnóstico e tratamento de populações vulneráveis, também inclui pessoas que estão em prisões.”

Barreiras

Segundo a agência da ONU, em muitos países, pessoas nestes grupos de risco estão fora dos planos nacionais de HIV. Além disso, políticas e leis discriminatórias geram barreiras a serviços de prevenção ou tratamento da Aids.

Pela primeira vez, a OMS recomenda fortemente a homens que fazem sexo com outros homens que tomem medicamentos antirretrovirais em conjunto com o uso de preservativos para evitar o HIV.

Política

A especialista Mariângela Simão afirma que a epidemia neste grupo está aumentando em vários países, em especial entre jovens homossexuais.

“Principalmente a população jovem se sente menos em risco e de uma certa forma banaliza a Aids como uma coisa que hoje é tratável. São dois medicamentos utilizados em combinação, que a gente chama de profilaxia pré-exposição. O Brasil foi um dos países onde esta profilaxia foi estudada e mostrou ter benefícios para quem toma (os medicamentos) todos os dias. Houve em torno de 40% a 44% de não-transmissão. É mais uma opção terapêutica para este grupo.”

A especialista do Unaids, Mariângela Simão, menciona que um desafio é os países sustentarem este tipo de política. Em caso de recursos escassos, as políticas nacionais devem sempre priorizar o acesso a antirretrovirais para quem já tem o HIV.

Segundo a OMS, trabalhadoras sexuais tem 14 vezes mais chances de contrair o vírus do que a população geral. A probabilidade para homens que fazem sexo com homens é 19 vezes maior e no caso dos transgêneros, os riscos aumentam em 50 vezes.