Ban fala de “ameaça palpável de ofensiva terrestre” no Médio Oriente
Secretário-geral discursou em reunião de emergência no Conselho de Segurança e demonstrou preocupação com a escalada da violência na região.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral das Nações Unidas disse haver o risco de uma escalada da violência em todo Israel e Gaza com ameaça palpável de uma ofensiva terrestre. Ban Ki-moon disse que o cenário é evitável caso o Hamas pare com o lançamento de foguetes.
No Conselho de Segurança, o chefe da ONU ilustrou os números de baixas no conflito entre Israel e a Faixa de Gaza, tendo citado que “mais uma vez os civis estão a pagar o preço pela continuação do conflito.”
Segurança e Bem-Estar
Ban revelou que que a principal preocupação é com a segurança e o bem-estar de todos os civis, não importando onde estes estejam.
Ao fazer um balanço do conflito nos últimos dias, Ban disse que as fações palestinianas Hamas e da Jihad Islâmica dispararam mais de 550 foguetes e morteiros a partir de Gaza contra Israel.
Quanto às Forças de Defesa israelitas, disse que estas fizeram mais de 500 ataques aéreos a Gaza, destinados às instalações do Hamas e da Jihad Islâmica além de residências particulares dos integrantes dos grupos.
Civis
O chefe da ONU disse que desde a tarde desta quarta-feira, cerca de 150 casas foram destruídas ou gravemente danificadas provocando 900 desalojados.
Três foguetes teriam sido disparados em Jerusalém, com o exército israelense a confirmar o impacto de um deles no norte da cidade. O secretário-geral falou de roquetes disparados contra várias cidades incluindo Tel Aviv, Jerusalém e Ashdod.
Falando no Conselho, o representante palestiniano, Ryad Mansour, pediu ação do órgão para proteger a vida dos civis na Palestina em particular na Faixa de Gaza. Ele acusou Israel de cometer violações do direito humanitário e direitos de humanos.
Como referiu, o órgão não pode continuar paralisado e marginalizado quando o que chamou de crimes de Israel continuam a ocorrer na Faixa de Gaza. O diplomata solicitou resoluções para salvar vidas na Palestina além de uma solução pacífica baseada em dois Estados.
Já o embaixador de Israel, Ron Prosor, disse que os ataques do Hamas não podem ser tolerados por ninguém.
Segundo o embaixador de Israel, a situação é absolutamente inaceitável. Ele afirmou que nenhum país, nenhum governo ou povo pode tolerar isso. Prosor afirmou que nenhuma nação pode aceitar a ameaça que Israel está enfrentando.
Ele disse que por vários anos, Israel pediu à comunidade internacional para condenar o ataque com foguetes a Israel e ninguém respondeu. E agora chegou a hora de decidir. Segundo ele, o Hamas é uma organização terrorista que tem que ser desmantelada.
O embaixador finalizou dizendo que uma cultura que celebra o assassinato e o martírio vai estar sempre em guerra entre si e com os vizinhos. Segundo ele, é preciso pedir ao presidente Mahmoud Abbas para desfazer o governo de união com o movimento islâmico Hamas.
Estudantes e Adolescente
Ban Ki-moon disse que os ataques de ambos os lados continuaram nesta quinta-feira, numa situação que já era precária antes da erupção da crise como sequestro e assassinato dos três estudantes israelitas e depois de um adolescente palestiniano.
O secretário-geral disse que os atos quebraram um período de relativa calma e pediu que os responsáveis sejam levados à justiça.
O chefe da ONU afirmou que a situação exige pensamento ousado e idéias criativas e que os esforços devem ser para restaurar a calma não somente no presente mas o horizonte político para o futuro.
Além das partes do conflito, disse que parceiros regionais e a comunidade internacional devem fazer o possível para retomar negociações significativas no sentido de uma solução viável de dois Estados.