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ONU alerta para novo risco de fome na Somália

Foto: ONU/Tobin Jones

ONU alerta para novo risco de fome na Somália

Escritório de Assistência Humanitária avisa que crise alimentar pode ocorrer entre julho e dezembro; país tem 50 mil menores com desnutrição grave; vários enfrentam risco de morte já nas próximas semanas.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A situação da insegurança alimentar pode agravar-se na Somália, alertaram esta segunda-feira as Nações Unidas.

De acordo com o Escritório de Assistência Humanitária, Ocha, no princípio de maio houve uma combinação do atraso e irregularidade de chuvas sazonais aliados ao aumento dos preços dos alimentos.

Colheitas

Mas o outro fator foi a insegurança nas principais áreas produtoras de alimentos, que teve um impacto nas safras. Há previsão de maior carência no período crítico das colheitas, entre julho a dezembro.

Na semana passada, o diretor de operações do Escritório do Ocha esteve no país, onde disse ter testemunhado “todos os sinais observados antes da crise de fome severa ocorrida em 2011”.

John Ging considerou fundamental a ação imediata dos países “para evitar mais um desastre”. A ONU estima que a Somália tenha mais de 1 milhão de deslocados internos e 875 mil pessoas a precisar de assistência alimentar urgente.

Chuvas

A Unidade de Segurança Alimentar e Análise da Nutrição, gerido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, disse que o retorno das chuvas desde o início de maio aliviou o estresse hídrico em áreas dependentes da agricultura.

Apesar das precipitações, que também reabasteceram água e os pastos nas áreas onde a atividade é praticada, os especialistas alertam que em média espera-se um nível mais baixo de colheita em julho e agosto.

Tratamento

Prevê-se que o agravamento da segurança seja resultado da progressão da época de escassez – considerada estação magra – e do conflito que continua a interromper o acesso aos mercados.

A Somália tem 50 mil crianças gravemente desnutridas, que incluem várias em risco de morte nas próximas semanas se não receberem o tratamento necessário.

A falha em agir de forma decisiva para atender às necessidades dos somalis pode levar não somente à crise humanitária, mas também minar a paz e a construção do Estado alcançadas nos últimos dois anos, realça o Ocha.