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Ban: guerra civil na Síria já matou mais de 150 mil pessoas BR

Ban Ki-moon discursa na Asia Society. Foto: ONU

Ban: guerra civil na Síria já matou mais de 150 mil pessoas

Secretário-Geral afirma ainda que metade da população do país está desalojada ou refugiada; em discurso em Nova York, chefe da ONU quer embargo de armas à Síria.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O secretário-geral da ONU fez esta sexta-feira, na organização Asia Society, em Nova York, um discurso sobre a crise na Síria. Segundo Ban Ki-moon, o total de mortos pode ser maior do que 150 mil pessoas. E metade da população síria, ou 11 milhões, está desalojada, incluindo 2,8 milhões registrados como refugiados em outros países.

Ban Ki-moon lamentou “a piora da já terrível guerra na Síria” e disse estar desapontado com “o cálculo frio de que pouco pode ser feito além de se assistir à violência do conflito.”

Crueldade

Ele pediu à comunidade internacional para não abandonar a Síria nem deixar a população às custas de “ondas sem fim de crueldade”. O secretário-geral relembrou o começo do conflito, em 2011, quando “sírios protestavam de forma pacífica”.

Mas segundo Ban, a reação do governo foi “feroz” e então, civis pegaram em armas e grupos radicais ganharam força. Para o chefe da ONU, a Síria é cada vez mais um “Estado falido”.

Ban Ki-moon ressaltou ter passado a hora da comunidade internacional, em especial do Conselho de Segurança, de arcar com suas responsabilidades.

Plano de Ação

O secretário-geral apresentou um plano de seis pontos para reverter a crise na Síria. A prioridade imediata deve ser o fim da violência e ele apela ao Conselho de Segurança que imponha um embargo de armas à Síria.

Caso haja divisão no Conselho, Ban sugere que o embargo seja feito pelos países de forma individual. Aos países vizinhos à Síria, ele pede proibição do uso de fronteiras e do espaço aéreo para o contrabando de armas.

O segundo ponto do plano foca na proteção das pessoas, em especial 4,7 milhões que estão em áreas de difícil acesso. Por isso, Ban Ki-moon pede ao governo e à oposição que acabem com o cerco a civis e permitam a entrada de ajuda humanitária.

Novo Enviado 

Em terceiro lugar, o chefe da ONU destaca ser preciso “desesperadamente um processo político sério para uma nova Síria”. Ele adiantou que em breve irá nomear um novo enviado especial para o país, após a renúncia de Lakhdar Brahimi em maio e de Kofi Annan em 2012.

O quarto ponto apresentado é garantir a responsabilidade para crimes sérios. Ele pede aos países-membros do Conselho de Segurança que votem uma resolução para que os crimes na Síria sejam julgados pelo Tribunal Penal Internacional, TPI.

Outra prioridade é terminar a destruição das armas químicas sírias e o sexto ponto é resolver as dimensões regionais do conflito, incluindo ameaças extremistas.

Iraque

Ban Ki-moon destacou que o confronto sírio já se espalhou de forma devastadora para o Iraque. Para o chefe da ONU, com os eventos dos últimos dias, fica fácil imaginar uma espiral de ataques que não tem sido vista no Iraque desde 2007.

Ele afirmou que “os extremistas sunitas do Isil”, o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, estão tentando mostrar que os governos do Iraque, do Irã e dos Estados Unidos estão apoiando atrocidades contra os sunitas.

Por isso, Ban diz ser imperativo que não haja represálias contra comunidades sunitas em revanche “a atos bárbaros do Isil”. Segundo ele, o grupo extremista é uma ameaça a todo o Iraque, por isso sunitas moderados devem deixar claro que são contra o terrorismo.

Apoio

Ban lembrou que a guerra sectária é um desastre para todos. O secretário-geral encerrou o discurso dizendo que o maior obstáculo é a noção de que a guerra na Síria pode ser ganha de forma militar.

Ele disse rejeitar a afirmação de que o governo sírio está “ganhando” o conflito e destacou que “conquistar territórios com bombardeios em áreas de civis não é uma vitória”.

Ban Ki-moon também garantiu ao povo sírio que as Nações Unidas não irão desistir de ajudá-los a restaurar a paz no país.