ONU alerta para colapso da lei e da ordem na Ucrânia
Relatório do Escritório de Direitos Humanos diz que o problema ocorre nas regiões controladas por grupos armados no leste do país; chefe da agência, Navi Pillay, afirmou que clima de insegurança e medo afeta milhares de pessoas na região.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
A ONU alertou para o colapso da lei e da ordem na região leste da Ucrânia, em áreas controladas por grupos armados.
Um relatório do Escritório de Direitos Humanos, divulgado esta quarta-feira, mostra um aumento do número de casos de sequestros, detenções, tortura e assassinatos na Crimeia.
Insegurança e Medo
A alta comissária de Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou que “tudo o que esses grupos armados estão conseguindo é criar um clima de insegurança e medo que afeta milhares de pessoas”.
Pillay disse que “é um caminho sem saída que leva simplesmente à miséria, à destruição, a deslocamentos e à privação econômica”.
A alta comissária declarou que chegou a hora de baixar as armas e conversar. Para ela, a paz, a reconciliação e as soluções de longo prazo podem ser alcançadas.
O relatório de 58 páginas cobriu o período entre 7 de maio e 7 de junho.
Investigações
Apesar de destinar metade do trabalho aos recentes acontecimentos na Crimeia, a Missão de Monitoramento citou também várias investigações sobre abusos dos direitos humanos ocorridos entre novembro de 2013 e fevereiro deste ano.
Durante o período em que o relatório estava sendo preparado, os especialistas disseram que a situação continuou piorando em Donetsk e em Luhansk. O documento relata o aumento da presença de pessoas armadas nas ruas das duas cidades.
A escalada da violência, segundo o relatório, atinge agora a população em geral e não mais alguns setores específicos da sociedade.
A equipe de monitoramento da ONU afirmou que milhares de pessoas estão prontas para fugir da área de conflito assim que tenham oportunidade de sair com segurança.
Confrontos
O relatório mostra ainda que aumentaram os confrontos entre as forças do governo ucraniano e dos grupos armados.
Pillay pediu moderação e que os dois lados garantam que as operações de segurança estejam de acordo com as leis internacionais, principalmente em relação à proteção de civis.
Os especialistas disseram que os residentes da Crimeia que apoiam a Ucrânia estão sendo intimidados.
Condolências
Em Nova York, o Conselho de Segurança expressou condolências às famílias de todos os jornalistas mortos enquanto cobriam a crise ucraniana.
Entre eles estão dois repórteres russos, um jornalista italiano e seu tradutor russo.
O presidente do órgão pelo mês de junho, o embaixador russo Vitaly Churkin, pediu uma investigação completa envolvendo a morte dos jornalistas.
Os integrantes do Conselho de Segurança estão preocupados também com os casos de prisões e ameaças de trabalhadores da imprensa.