Pinheiro diz que fortalecimento do Isil pode complicar conflito sírio
Presidente da Comissão de Inquérito sobre a Síria preocupado com influência do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante; novo relatório fala em continuação de bombardeios, torturas e apoio financeiro ao governo e oposição sírios.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
A Comissão de Inquérito sobre a Síria apresentou esta terça-feira um novo relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. Em Genebra, o presidente da Comissão destacou o aumento da violência “a níveis sem precedentes”.
Paulo Sérgio Pinheiro explicou que sua equipe realizou 3 mil entrevistas e analisou várias fotos de pessoas mortas, muitas com marcas de estrangulamento e de outros abusos.
Apoio Financeiro
Antes de apresentar o documento ao Conselho, o presidente da Comissão concedeu entrevista à Rádio ONU de Genebra e falou de “crimes de guerra e contra a humanidade”.
“Bombardeios por parte da aviação militar síria, continuação do recurso sistemático à tortura, o aumento das detenções arbitrárias e das mortes dentro dos estabelecimentos de detenção. Evidentemente, a continuação do apoio financeiro do lado do governo e do lado dos grupos armados não estatais para que possam continuar a praticar mais violações de direitos humanos e crimes contra a humanidade com essas armas que eles conseguem adquirir com os recursos que recebem.”
Ataques
Paulo Sérgio Pinheiro lamenta a interrupção do processo de negociação na Síria, após reuniões realizadas em Genebra. Para o presidente da Comissão de Inquérito, preocupa o fortalecimento do grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil.
“O grande complicador hoje é certamente o ataque de uma organização extremista que está ocorrendo no Iraque. Este grupo tem feito barbaridades, tem decapitado prisioneiros, perpetram ações que podem ser caracterizadas como terrorismo. É o que pode haver de pior em termos de conflito, é o fortalecimento deste tipo de organização que não é submetida a nenhum controle.”
No entanto, o presidente da Comissão de Inquérito sobre a Síria ressalta não ter mandato para avaliar a situação no Iraque. Paulo Sérgio Pinheiro destaca que sua equipe continua pedindo ao governo sírio acesso integral ao país, para analisar a crise local.