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Alta comissária da ONU se despede do Conselho de Direitos Humanos BR

Navi Pillay. Foto: ONU/Paulo Filgueiras

Alta comissária da ONU se despede do Conselho de Direitos Humanos

Navi Pillay disse que criação do órgão, em 2006, trouxe força e flexibilidade para o sistema internacional; Ela afirmou que o “Escritório do Alto Comissariado é o amigo que não tem medo de falar a verdade”.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

A alta comissária da ONU de Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que a criação do Conselho de Direitos Humanos trouxe força e flexibilidade para o setor no sistema internacional.

Em seu discurso de despedida, esta terça-feira em Genebra, Pillay afirmou que há 20 anos os Estados-membros viram a necessidade de um “advogado” para promover e proteger os direitos humanos. O Alto Comissariado foi criado em 2006 para substituir a Comissão de Direitos Humanos.

Amigo

Segundo Pillay, “o Escritório do Alto Comissariado está ao lado do Conselho. Ela explicou que o órgão é como um amigo que não tem medo de falar a verdade”.

Pillay explicou que a função do Conselho não é somente ajudar os países a identificarem as falhas no sistema de proteção dos direitos humanos, mas também de prestar assistência e mostrar como solucionar o problema.

O Alto Comissariado da ONU ajuda os governos na criação de políticas que promovam a igualdade, a dignidade e o desenvolvimento assim como, na resolução de conflitos.

Ela declarou que todos os países têm um interesse vital na defesa de uma estrutura comum de valores globais. Pillay explicou que as violações dos direitos humanos estão entre as causas de todo o tipo de instabilidade e conflito.

Interesse

Segundo a alta comissária, isso significa que cada Estado tem interesse em detectar falhas no sistema e essa é uma das funções do órgão.

Ao falar sobre suas missões nesses seis anos de mandato, Pillay disse que visitou vários países, entre eles: República Centro-Africana, Nigéria, Sudão do Sul e Ucrânia.

Ela apresentou relatórios sobre violações dos direitos humanos para o Conselho de Segurança na Síria, na Líbia, no Mali, no Sudão do Sul e na República Centro-Africana.

Pillay afirmou que “infelizmente a comunidade internacional continua incapaz de reagir de formas consistente, rápida e robusta, inclusive em situações de grave violações com grande potencial de a crise se espalhar para outros países”.

Ataques Étnicos

No Sudão do Sul, ela disse que ficou chocada com os ataques étnicos e pelo risco de fome da população enquanto os líderes, de ambos os lados do conflito pareciam quase indiferentes ao problema.

Na República Centro-Africana, ela citou algumas iniciativas para reduzir as tensões entre as comunidades, incluindo um diálogo entre líderes católicos, protestantes e muçulmanos.

Para Pillay, é fundamental fortalecer tais iniciativas para evitar o aprofundamento das divisões e diferenças religiosas.

A alta comissária afirmou que a violência contínua na Síria representa uma tragédia para o povo e um fracasso para a causa dos direitos humanos.

Ela deu como exemplo a cidade de Aleppo, que foi bombardeada e a população vive em condições que deveriam revoltar a consciência humana.

Mais uma vez ela deplorou o fato de que os pedidos para o fim da violência foram ignorados pelo governo e por alguns grupos de oposição.

Conselho de Segurança

Pillay disse que estava decepcionada também com o Conselho de Segurança por não ter chegado a um acordo que permitisse responsabilizar os culpados pelos crimes na Síria.

Ainda na lista de preocupações da alta comissária estão os problemas entre israelenses e palestinos, o golpe militar na Tailândia e a situação na Venezuela.

Pillay disse que durante sua missão na Nigéria, ela falou com autoridades do governo sobre “o pesadelo do sequestro de centenas de meninas estudantes pela milícia Boko Haram, em abril.

Sobre os desafios, ela disse que os países devem continuar trabalhando juntos para fortalecer o Estado de direito, o combate à impunidade, e aumentar a capacidade da comunidade internacional para responder a qualquer sinal de violação dos direitos humanos.