Situação de 2,5 mil prisioneiros em Alepo preocupa a ONU

Chefe dos Direitos Humanos cita caso de corpo de um detido exposto durante dois dias numa cela; centenas teriam morrido devido a problemas como falta de comida e de tratamento médico.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A alta comissária para os Direitos Humanos deplorou, esta quarta-feira, o efeito dos combates na Síria sobre os cerca de 2,5 mil detidos da Prisão Central de Alepo.
Em nota, Navi Pillay afirma que o local está cercado por vários grupos armados desde meados de 2013. A responsável considera “terríveis as condições humanitárias” dos ocupantes do edifício.
Sofrimento
Estas incluem doenças, falta de tratamento médico, de alimentação adequada, de água e de outros bens essenciais. Para Pillay, o sofrimento é agravado por confrontos registados nas proximidades da prisão.
A responsável aponta para a morte de centenas de prisioneiros e de detidos devido à escassez de alimentos e de suprimentos médicos, além de doenças não tratadas e combates nos arredores.
Morto em Cela
Este mês, um prisioneiro teria morrido após disparos de um guarda para o interior de celas. O corpo ficou dois dias exposto no local antes de ser removido, de acordo com relatos recebidos pelo escritório.
Apesar do cumprimento das sentenças, centenas de pessoas continuam presas no edifício. Pillay pediu a libertação imediata dos que estejam na situação e para os que foram detidos arbitrariamente.
Ajuda Humanitária
Quanto ao cerco da prisão, apelou ao seu levantamento sem obstáculos para permitir o acesso imediato da ajuda humanitária aos detidos.
A nota menciona a danificação de infraestrutura essencial das comunidades, incluindo de sistemas de água.
Segundo a responsável, a escassez continua a representar graves ameaças à saúde de dezenas de milhares de pessoas. Pillay diz que em alguns bairros da Cidade Velha, os residentes estão há cinco meses sem acesso a água potável.
O comunicado aponta para um “flagrante desrespeito ao direito internacional humanitário e dos direitos humanos tanto pelo governo e por alguns grupos armados”, que resulta no sofrimento.
Para ela, em Alepo estão a intensificar os bombardeamentos e ataques aéreos no último semestre, incluindo através do uso desenfreado de bombas barril.