OIT alerta que trabalho forçado gera lucro de US$ 150 bilhões por ano
Relatório da agência da ONU diz que ganho ilegal representa o triplo das estimativas feitas inicialmente; mais de 60% do dinheiro vem da exploração sexual; no Brasil trabalho forçado acontece em carvoarias, na agricultura e em fazendas de criação de animais.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
A Organização Internacional do Trabalho, OIT, alertou que o trabalho forçado gera um lucro ilegal de US$ 150 bilhões, o equivalente a R$ 360 bilhões, por ano.
O relatório “Lucros e Pobreza: A economia do Trabalho Forçado” lançado esta terça-feira, mostrou que mais de 60% desse total, cerca de US$ 99 bilhões, vem da exploração sexual. O restante tem como origem vários setores de exploração, que incluem trabalho doméstico, agricultura e outras atividades.
21 Milhões
Citando dados de 2012, o documento da OIT revela que 21 milhões de homens, mulheres e crianças realizam trabalho forçado, são vítimas de tráfico humano ou de escravidão moderna.
No Brasil, e em outros países da América Latina, a maior parte das vítimas está no setor de agricultura, principalmente nas plantações de cana-de-açúcar e tabaco seguido das fazendas de criação de animais e em carvoarias.
O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, afirmou ser necessária uma ação conjunta concreta para combater o problema.
Segundo Ryder, a contínua existência do trabalho forçado é ruim para as vítimas, para o comércio e para o desenvolvimento. Ele afirmou que essa é uma prática que não tem lugar numa sociedade moderna.
O diretor-geral da OIT disse que é hora de a comunidade internacional se unir para erradicar esse tipo de crime.
Medidas
Para Ryder, os governos devem reforçar as políticas e as leis para o setor. As empresas devem vigiar suas próprias atividades, incluindo toda a rede de distribuidores.
Para complementar, ele disse que os sindicatos de trabalhadores e empresariais também devem atuar para proteger as pessoas que correm mais risco.
O relatório mostra que as mulheres e as meninas representam mais da metade dos 21 milhões de vítimas. Elas são usadas principalmente para exploração sexual e para o trabalho doméstico.
Já os homens e meninos são usados como força de trabalho na agricultura, construção e minas.
Os especialistas dizem que a condição econômica é um dos principais fatores que levam as vítimas ao trabalho forçado. As pessoas são enganadas pela promessa de emprego e acabam entrando no sistema.
Outros fatores que contribuem para o risco e a vulnerabilidade são a falta de escolaridade, analfabetismo, gênero e migração.