Na ONU, Ban revela prioridades após cessar-fogo no Sudão do Sul

Secretário-geral expressa preocupação com acusações de violação do acordo em sessão do Conselho de Segurança; metade da população do país pode sofrer as consequências de uma possível continuação do conflito; sugerida criação de tribunal para garantir responsabilização.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral da ONU destacou cinco prioridades para o período que se segue à assinatura do cessar-fogo no Sudão do Sul, numa reunião realizada no Conselho de Segurança.
Falando a jornalistas após o encontro, Ban Ki-moon disse que em primeiro lugar, os combates devem cessar imediatamente.
Para o responsável, os sul-sudaneses devem retornar à sua terra para plantar as suas culturas em paz. Como destacou, o risco é que haja fome no fim da época das colheitas.
Fome e Desnutrição
O chefe da ONU disse ainda que a falta de alimentos e a desnutrição ocorrem de uma forma generalizada, no país que visitou na semana passada.
Ban apelou para 30 dias de tranquilidade,uma intenção que foi apoiada pelo governo e pelos rebeldes.
O responsável pediu moderação máxima das partes ao expressar preocupação com as acusações de violação do cessar-fogo por ambos os lados. O pacto foi assinado na sexta-feira, em Adis Abeba, pelo presidente Salva Kiir e o líder rebelde, Riek Machar.
12 milhões em risco
Para Ban, se o conflito continuar “metade dos 12 milhões de pessoas no Sudão do Sul será deslocada, refugiada no exterior, poderá passar fome ou morrer até ao fim do ano.”
Aos 15 Estados-membros do Conselho, o secretário-geral apelou para a criação de um tribunal para garantir a responsabilização de autores de crimes cometidos por ambos os lados.
Acesso
Entre as prioridades enumeradas está a necessidade do compromisso das partes do acordo em garantir o acesso humanitário pelo ar, por estrada e em especial, por embarcações ao longo do rio Nilo.
À comunidade internacional, Ban pediu apoio com recursos para a ação humanitária, ao anunciar o lançamento pelas Nações Unidas de uma operação para ajudar a mais de 3,2 milhões de pessoas.
Doadores
Ao todo, são necessários US$ 781 milhões dos US$ 1,27 necessários até meados deste ano. A 20 de maio, as Nações Unidas organizam uma conferência de doadores sobre o Sudão do Sul na Noruega em parceria com o governo.
Quanto à justiça e à prestação de contas, Ban citou um relatório a indicar sinais de crimes de guerra e contra a humanidade. A recomendação é que o tribunal especial a ser criado tenha envolvimento internacional ou seja híbrido.
Por fim, os dois líderes foram instados a comprometer-se na construção de uma nação inclusiva. A recomendação é que o processo envolva todos os políticos e a sociedade civil para abordar as causas profundas do conflito.