ONU alerta para sinais que aumentam receios de fome na Somália

ONU alerta para sinais que aumentam receios de fome na Somália

Coordenador humanitário aponta preocupações similares ao período anterior à fome ocorrida há três anos; alerta segue-se a pedido urgente de US$ 822 milhões para operações de ONGs no país.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O coordenador humanitário das Nações Unidas para a Somália alertou, esta sexta-feira, que o país pode registar um período de fome a partir dos próximos meses.

Falando em Genebra, Philippe Lazzarini disse ter explicado a situação à comunidade internacional. Na ocasião, revelou ainda que as autoridades somalis declararam um iminente perigo de seca.

Incertezas

O responsável contou que a combinação de fatores inclui o fraco acesso humanitário às populações, a limitação dos comerciantes de produtos básicos, o alerta de seca e a interrupção das sementeiras devido a ação militar contra rebeldes. Como explicou, os motivos levantam incertezas similares às do período anterior à fome de 2010.

De acordo com a ONU, a crise alimentar matou 260 mil pessoas durante dois anos.

Apelo de ONGs

Nesta quinta-feira, 23 ONGs emitiram um apelo devido ao potencial de crise profunda no país. As entidades pediram urgentemente US$ 822 milhões para cobrir ações humanitárias.

O representante lembrou que uma em cada cinco crianças morre antes dos cinco anos e em cada 12 mulheres no parto ocorre um óbito.

Cerca de  2,9 milhões pessoas dependem de assistência de emergência, no país onde as atuais necessidades humanitárias têm em conta 1 milhão de deslocados.

Entre os necessitados estão 40 mil pessoas expulsas recentemente da Arábia Saudita, além dos oriundos de países incluindo o Quénia. A Somália tem ainda 1 milhão de refugiados no exterior.

Relativamente à ofensiva militar do exército e das forças da Missão da União Africana no país, Amisom, Lazzarini revelou terem sido recuperados cerca de 10 locais.

Mas lamentou o facto de as áreas continuarem pouco acessíveis, além de registarem  frequentemente um regresso das milícias al-Shabaab logo após a sua fuga dos locais recém-conquistados pelas Forças Armadas.