Embaixadores lusófonos otimistas com futuro da Guiné-Bissau

Segundo turno das eleições presidenciais está marcado para 18 de maio; representantes permanentes nas Nações Unidas homenageiam o país no Dia da Língua Portuguesa e da Cultura.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
O segundo turno das eleições da Guiné-Bissau, marcado para o dia 18, renova a esperança sobre o futuro do país, na visão dos oito embaixadores das nações de língua portuguesa.
Durante a comemoração do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura, na noite de quarta-feira, a Rádio ONU ouviu os representantes permanentes junto às Nações Unidas em Nova York.
Independência
O embaixador da Guiné-Bissau, João Soares da Gama, falou sobre o evento, que neste ano celebrou os 40 anos da independência de seu país.
“Nós temos desafios enormes, como a luta contra a impunidade e contra o tráfico de drogas. Tudo isso carecerá, de fato, de uma contribuição efetiva da comunidade internacional. Que não seja como das outras vezes que acabam as eleições e as pessoas vão se embora e esquecem da Guiné-Bissau. Desta vez, a comunidade internacional tem um dever moral de continuar a apoiar a Guiné-Bissau.”
Para o embaixador de Portugal junto às Nações Unidas, o primeiro turno das eleições presidenciais e legislativas foram “livres e justas”. Mas Álvaro Mendonça e Moura olha para o futuro e espera que a vontade do povo guineense seja respeitada.
Respeito
“Nós temos toda a esperança que o processo vai continuar assim com a segunda volta das presidenciais. Mas não só isso. Que depois que as autoridades então legítimas sejam instaladas, que possam cumprir o seu programa. É isso que a comunidade internacional espera. De ver um respeito pelo resultado daquilo que terá sido, no fim da segunda volta, a escolha do povo da Guiné-Bissau.”
O ponto de vista é compartilhado pelo embaixador brasileiro, Antonio Patriota.
“Há um processo eleitoral em curso na Guiné-Bissau. É necessário que esse processo transcorra de maneira democrática, transparente e com toda a credibilidade possível, para que o país encontre o caminho da estabilidade, do progresso institucional e econômico-social.”
A importância da paz para o povo guineense foi notada pelo embaixador de Angola, Ismael Martins.
Desenvolvimento
“Que a Guiné-Bissau renasça em paz também. É o que nós estamos a querer passar como mensagem naquilo que é a nossa campanha para o Conselho de Segurança. Sem paz, segurança e estabilidade, não há desenvolvimento.”
Representando São Tomé e Príncipe, o embaixador Carlos Agostinho das Neves avaliou que a homenagem na ONU foi bastante adequada.
Cultura
Para Moçambique, a Guiné-Bissau está num momento importante de consolidação da paz, como destacou o embaixador António Gumende.
“Pelos sinais promissores do processo de estabilização da Guiné-Bissau que se avizinha, estamos a caminho da segunda volta das eleições presidenciais. É oportuno que nós, como missões permanentes nas Nações Unidas, que foi uma instituição que se bateu muito para que esse processo pudesse acontecer, trouxemos aqui a cultura guineense para celebrarmos esta data que é importante.”
E ao ressaltar a importância do Dia da Língua Portuguesa, o embaixador de Cabo Verde, Fernando Wahnon Ferreira, afirmou que a sociedade civil, em especial as instituições acadêmicas, devem ampliar seu apoio ao idioma.
Língua Portuguesa
“Nós podemos apropriar-nos de uma linguagem científica em português para podermos lançar a língua em termos de tecnologia. O que também é importante para a afirmação da própria língua. Penso que com as Academias nós deveremos estudar conjuntamente a forma da promoção da língua.”
Também olha para o futuro Timor-Leste, que em breve assume a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, como revelou a embaixadora Sofia Borges.
“Nós vamos assumir a presidência da Cplp em julho deste ano e somos muito fieis desta responsabilidade e também para a promoção da língua portuguesa, que une os oito países da Cplp. Para nós é muito importante mostrarmos a nossa solidariedade com os oito países.”
Neste ano, a comemoração do Dia da Língua Portuguesa na ONU foi marcada por um show com um dos principais artistas da Guiné-Bissau, o músico Zé Manel. Na sequência, todos os embaixadores, diplomatas e falantes do português estiveram juntos em um coquetel, mostrando a união do idioma.