Terra para produzir comida perdida forma “o segundo maior país”
FAO diz que os alimentos não consumidos poderiam alimentar 2 mil milhões de pessoas; congresso internacional sobre o tema junta mais de 250 delegados na cidade alemã de Dusseldorf.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A área de terra usada para produzir alimentos não consumidos devido às perdas e aos desperdícios alimentares pode formar o “segundo maior país do mundo”.
A declaração foi feita esta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, no segundo Congresso Internacional “Save Food” realizado na cidade alemã de Dusseldorf.
Pobreza
A agência considera que o combate à perda maciça de alimentos é uma questão-chave para reduzir a fome e a pobreza. O apelo aos governos e empresas é que intensifiquem a colaboração em torno do tema.
Sobre a questão, a Rádio ONU conversou com o representante da FAO em Portugal e junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp. De Lisboa, Hélder Muteia disse que embalagens direcionadas ajudariam a poupar e a preservar os alimentos.
“É preciso recomendar às indústrias para que joguem fora menos alimentos, reaproveitem mais. As cadeias de comercialização de produtos e supermercados também que no processo de classificação não deitem fora muitos alimentos. É preciso também educar às pessoas para que na hora de preparar a sua alimentação saibam como reciclar, reaproveitar e fazer um trabalho de redução desse disperdício”, realçou.
Coordenação
No evento, o diretor-geral adjunto da FAO, Ren-Wang, sublinhou que a coordenação efetiva em todas as indústrias poderia fazer “uma grande diferença” no que é considerado um dos maiores desafios de segurança alimentar do mundo.
A agência defende que 1,3 mil milhão de toneladas de alimentos são perdidos ou desperdiçados anualmente quando 842 milhões de pessoas sofrem de fome crónica.
A FAO estima que a comida produzida, mas não consumida seria suficiente para alimentar 2 mil milhões de pessoas.
Impacto
A agência acredita que se o nível atual de perdas fosse reduzido para metade, teria um impacto dramático sobre a meta de aumento em 60% na disponibilidade alimentar. A medida é necessária para alimentar uma população mundial de 9 mil milhões em 2050.
Nas fases de produção, colheita, transporte e armazenamento são verificadas as maiores perdas de alimentos. Já os desperdícios acontecem frequentemente nos retalhistas e consumidores que estão no fim da cadeia de abastecimento alimentar.
Melhores Soluções
O evento que aborda as causas das perdas e as melhores soluções para a sua redução deve analisar o que acontece em áreas de produção de peixe, cereais, leite, frutas, legumes, raízes e tubérculos.
Entre os 250 participantes estão representantes do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, do Programa Mundial de Alimentação, PMA, e do Fundo Internacional de Desenvolvimento da Agricultura, Fida.