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Relator da ONU pede ao México fim da impunidade contra tortura BR

Relator da ONU pede ao México fim da impunidade contra tortura

Segundo Juan Méndez, existe no país “situação generalizada” do uso da tortura e de maus tratos como forma de investigação criminal; vítimas relataram ter sofrido violência física, asfixia e choques.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O relator especial da ONU sobre tortura terminou uma visita de 12 dias ao México e fez um apelo ao governo para a adoção de medidas que “ponham um fim no ciclo da impunidade”.

Segundo Juan Méndez, “existe no México o uso generalizado da tortura e dos maus tratos como forma de investigação criminal”. O relator nota que a intensidade é maior em delitos relacionados com o crime organizado.

Prisões

Méndez agradeceu ao governo por ter permitido a ele acesso irrestrito a centros de detenção e assim, poder realizar visitas e entrevistas. Mas o relator não foi autorizado a visitar a Agência Estatal de Investigações na cidade de Monterrey.

O relator notou a tendência de primeiro prender indivíduos e somente depois investigar possíveis delitos cometidos, o que na opinião dele expõe as pessoas a maiores riscos de tortura e de maus tratos.

Testemunhas

Ele afirma ter recebido diversas queixas e testemunhos sobre as práticas, que seriam realizadas por policiais municipais, estaduais e federais e também por integrantes das Forças Armadas.

O relator da ONU afirma que o uso da tortura e dos maus tratos no México está “excessivamente ligado à obtenção forçada de confissões e da averiguação de informações”.

As vítimas relataram a Juan Méndez o uso constante de insultos e ameaças, golpes com mãos e pés em várias partes do corpo, uso de sacos para causar asfixia, choques elétricos até nos órgãos genitais, nudez forçada e violência sexual.

Para o relator, o México tem as condições adequadas para fortalecer a prevenção da tortura e avançar para sua erradicação definitiva.