OMS alerta para risco de saúde pública devido ao vírus da pólio
Agência da ONU informou que 60% dos casos da doença no ano passado foram causados pelo vírus classificado como “selvagem”; organização afirmou que é necessária coordenação global para acabar com a transmissão internacional.
Eleutério Guevane da Rádio ONU em Nova York.*
A Organização Mundial da Saúde, OMS, afirmou que se nada for feito, o alastramento da poliomielite pode impedir a erradicação global da doença.
A agência da ONU declarou que foram atingidas as condições para considerar a transmissão do vírus da doença uma “emergência de saúde pública internacional”.
Vacinação
A afirmação foi feita esta segunda-feira, numa conferência de imprensa realizada em Genebra pelo Comitê Internacional de Regulamentação de Emergência de Saúde.
Em declarações à Rádio ONU, da cidade suíça, a médica da OMS, Regina Ungerer, disse que o Paquistão, os Camarões e a Síria representam o maior risco de exportar o vírus selvagem da pólio. Mas abordou as razões de alarme.
Novos Casos
“Considerando os novos casos de poliomielite que apareceram na Síria, nos Camarões e na Guiné Equatorial. Sabemos que só existem três países do mundo que têm a poliomielite em estado endêmico, que são o Paquistão, o Afeganistão e a Nigéria; não em todo o país, mas em partes desses países onde a pólio pode ser considerada em estado endêmico.”
A lista de nações com risco contínuo de novas exportações do vírus da pólio selvagem este ano inclui Israel, Etiópia, Iraque e Somália. A doença que causa danos como paralisia e deformidades, é tida como uma das mais graves apesar de ser evitada pela vacinação.
Entre as recomendações da OMS estão a necessidade de garantir que todos os residentes e visitantes dos países afetados por mais de quatro semanas recebam uma dose de vacina antes da viagem.
Viagens
Aos cidadãos dos países afetados que viajam para o exterior, a agência pede que estes sejam portadores de um certificado de vacinação.
“Está sendo transmitido também pelos adultos viajantes, principalmente por essa mobilidade das pessoas e isso tem que ser contido. Esperava-se erradicar o vírus em poucos anos e quando se começa a ter novos casos, corre um risco muito grande, porque a propagação é muito grande.”
Coordenação Global
A situação atual contrasta com a quase interrupção da propagação internacional do vírus selvagem da pólio. A tendência foi observada desde janeiro de 2012 até o período entre janeiro a abril do ano passado, época de baixa transmissão.
Para a OMS, a resposta internacional coordenada é essencial para acabar a propagação do vírus selvagem. A agência diz que medidas unilaterais dos países podem ser menos eficazes.
As consequências de um futuro alastramento podem ser maiores em países que apesar de livres da doença registram conflitos ou são frágeis devido à vacinação de rotina comprometida e ao alto risco de novas infecções.
* Apresentação: Edgard Júnior