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Missão da ONU no Sudão do Sul condena assassinatos étnicos BR

Missão da ONU no Sudão do Sul condena assassinatos étnicos

Na cidade de Bentiu, forças da oposição mataram “centenas de sul sudaneses e de civis strangeiros” após checar sua etnia e nacionalidade; Nações Unidas pede investigação completa das “atrocidades”.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

As Nações Unidas confirmaram que forças da oposição mataram centenas de sul sudaneses e de civis estrangeiros, após checar a etnia e nacionalidade das vítimas.

Os civis haviam sido capturados semana passada na cidade de Bentiu, no Sudão do Sul. A Missão da ONU no país, Unmiss, condenou fortemente os assassinatos, incluindo ataques em um hospital, uma mesquita, uma igreja e num complexo do Programa Mundial de Alimentos, PMA.

Spla

O responsável pela Unmiss, Raisedon Zenenga, pede investigação completa das “atrocidades” e espera que os autores do crime sejam responsabilizados.

A Missão da ONU no Sudão do Sul também pede às força da oposição, Spla, e às tropas do governo que respeitem o acordo assinado pelos dois lados em janeiro, que previa o fim das hostilidades.

Mesquita

Segundo a Missão, o Spla entrou na mesquita Kali-Ballee, onde vários civis haviam buscado refúgio, separando as pessoas por nacionalidade e por grupos étnicos e depois, matando mais de 200 civis. Outros 400 ficaram feridos na ação.

Em um igreja católica e no complexo vazio do PMA, os soldados da Spla também identificaram as origens e nacionalidades dos civis refugiados e mataram várias pessoas.

Num hospital de Bentiu, vários homens, mulheres e crianças do grupo nuer foram assassinados na semana passada, após terem recusado saudar as forças da Spla que entravam na cidade. 

Discurso de Ódio

A missão também condenou o uso de uma emissora de rádio para a transmissão de “discurso de ódio”. Na mensagem, teria sido declarado que grupos de certa origem étnica não devem permanecer em Bentiu.

A ONU acredita que milhares de pessoas foram mortas nos últimos dois meses no Sudão do Sul. A violência no país começou em meados de dezembro, durante conflitos políticos entre o presidente Salva Kiir e seu ex-vice-presidente, Riek Machar.

No momento, a Unmiss protege mais de 12 mil civis em suas bases e outros 60 mil sul-sudaneses em todo o país.