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Transformação de África passa por industrialização e revolução verde

Transformação de África passa por industrialização e revolução verde

Proposta é defendida pela Comissão Económica das Nações Unidas no continente; chefe da entidade falou à Rádio ONU sobre os casos de sucesso e as medidas para consolidar economias africanas nos próximos anos.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O continente africano precisa construir instituições credíveis e fomentar a industrialização. Esta é a receita para melhorar os índices socioeconómicos dos países do continente e produzir resultados que levem à prosperidade de seus povos.

Os dados estão no Relatório Económico sobre África 2014, lançado nesta sexta-feira em Nova Iorque. Atualmente, a participação do continente na economia global é de 3,3%. A maior parte das exportações vem do petróleo, metais e minerais.

Modelo Próprio

O documento, “Política Industrial Dinâmica em África – Instituições Inovativas, Processos Eficientes e Mecanismos Flexíveis”, apresenta estudos de casos em 11 países incluindo Nigéria, Quénia, Ilhas Maurícias e África do Sul.

Nesta entrevista exclusiva à Rádio ONU, o secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes, afirmou que o continente tem que investir num modelo próprio de crescimento.

“Tem que ser uma industrialização voltada para o consumo africano. Um conjunto de áreas de consumo em que os africanos precisam de uma produção propriamente africana, mas também temos a consciência de que o nosso ponto de entrada principal é tirar proveito dos recursos naturais africanos. Então, a industrialização da África tem que ser a partir da sua riqueza em recursos naturais.

Pobreza

O que nós precisamos fazer é uma industrialização que comece com uma revolução agrícola. E qualquer ganho na área agrícola tira muita gente da pobreza.”

O relatório da Comissão Económica da ONU também recomenda uma coordenação de alto nível e um conjunto de políticas que lidem com problemas que possam minar a eficiência industrial.

Carlos Lopes lembrou que o continente precisa traduzir em ganhos para a população o bom desempenho dos últimos 10 anos, que registou um crescimento médio da economia de 5% ao ano. Alguns países, no entanto, tiveram taxas mais altas, de 7%.

*Apresentação: Eleutério Guevane.