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Chissano diz que jovens têm de solucionar seus próprios problemas

Chissano diz que jovens têm de solucionar seus próprios problemas

Para antigo presidente moçambicano, com o aumento da população mundial, taxas de desemprego também sobem para a juventude; tema é debatido na reunião da Comissão sobre População e Desenvolvimento, aberta esta segunda em Nova Iorque.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O antigo presidente de Moçambique disse que fatores como os avanços e o acesso à tecnologia justificam uma maior inclusão dos jovens na busca de respostas para os seus próprios problemas.

Em entrevista exclusiva à Rádio ONU, em Nova Iorque, Joaquim Chissano revelou o seu contributo num encontro de alto nível que analisou progressos em torno da população e desenvolvimento.

Atraso

“Todas as preocupações de há 20 anos prevalecem, apesar de se ter feito muita coisa. A rapidez da solução dos problemas não correspondeu ao crescimento demográfico. Estamos a ver jovens desempregados e, muitas vezes, com formação porque todos os países dedicaram-se muito para resolver o problema de atraso na educação.”

Nesta segunda-feira, as Nações Unidas deram início a 47ª. Comissão sobre População e Desenvolvimento.

A reunião deve examinar as últimas duas décadas de ações dos governos para melhorar a vida dos cidadãos e abordar as questões populacionais. Chissano lançou um olhar para os próximos anos.

Entidade Exterior

“O essencial será, de facto, olhar-se para a juventude. E o envolvimento da juventude para ela própria buscar a solução para os seus problemas. Estes não podem ser resolvidos partir de uma entidade que seja exterior à própria juventude. Hoje, mais do que ontem, porque a juventude tem hoje conhecimentos adaptados ou adequados à realidade em que vive”, destacou.

O copresidente da força tarefa sobre o população e desenvolvimento disse que em nações mais pobres, como é o caso das africanas, observam-se mais os problemas dos jovens e mulheres, mas apontou as oportunidades.

Conhecimentos 

“Os jovens hoje cresceram num ambiente diferente do que hoje. O exemplo são os nossos netos de cinco anos, na forma como manipulam a tecnologia moderna de comunicação faz com que estes tenham conhecimento mais rápido, mais precocemente. Agora não é precoce, é preciso ter esses conhecimentos a partir dessa idade”, realçou.

Joaquim Chissano não descarta, entretanto a  participação de governantes e das gerações mais velhas nas soluções de questões com os jovens.

Percepção do Mundo

“Jovens de 17 anos fazem debatem nos parlamentos infantil e juvenil. Sentimos a maneira como o fazem pelo seu nível de conhecimento e um desenvolvimento intelectual diferente, uma perceção do mundo que é diferente da maneira como o percebemos hoje. Mas, claro tem que transmitir a eles o que nós vivemos”, sublinhou. 

Temas juvenis serão debatidos até 11 de abril por especialistas em população, que devem propor soluções para as novas tendências demográficas.

De acordo com as Nações Unidas, as questões incluem o envelhecimento, a esperança de vida, a mortalidade, a migração e a urbanização.