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Banco Mundial diz que economia da China cai, mas África sobe em 2014 BR

Banco Mundial diz que economia da China cai, mas África sobe em 2014

Relatório aponta que PIB chinês será de 7,6% em vez de 7,7% como previsto; tendência de queda é a mesma para outros países da Ásia-Pacífico; Angola e Moçambique tiveram alta de 16% nos investimentos de petróleo e gás no ano passado.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

Um novo relatório do Banco Mundial prevê queda do crescimento econômico de países da Ásia-Pacífico e uma alta nas nações da África Subsaariana.

O documento diz que a economia da China, por exemplo, vai desacelerar um pouco. O crescimento neste ano deve ser de 7,6% em comparação aos 7,7% do ano passado.

Bolha

De Paris, em entrevista à Rádio ONU, a professora da Fundação Getúlio Vargas e das Universidades St. Gallen, na Suíça e Science Po, na França, Lígia Maura Costa, disse que a economia mundial ainda vai demorar um pouco para se recuperar.

A especialista alerta sobre uma possível nova crise que pode ter como fonte não os Estados Unidos, mas sim a China.

“Teve uma mudança brusca com a entrada séria da China no mercado internacional. E volto a dizer, os problemas de base ainda não foram atacados e uma nova bolha pode surgir, inclusive que não seja uma bolha norte-americana, pode vir da própria China, que poderá trazer outras consequências tão sérias quanto a (da crise) de 2008.”

Limite

Já o economista-sênior do Banco Mundial para os Brics, Otaviano Canuto, acredita que o modelo chinês é sustentável por se basear em demanda interna. Mas, segundo Canuto, a crise de 2008 mudou os rumos dos modelos econômicos. Ele citou os casos do Japão e dos chamados Tigres Asiáticos na década de 90. Nesta entrevista à Rádio ONU, de Washington, Otaviano Canuto diz que a crise de 2008 provocou medidas que estão sendo sentidas agora na China.

Colapso

“A China, como todos os emergentes, nós todos ficamos com um medo enorme ali em 2008-2009 quando se viu o mundo à beira do colapso. Todo mundo acionou o que tinha em termos de instrumentos anticíclico. Isso ajudou a segurar o crescimento da economia chinesa mas deixou como herança, como legado, uma bolha. E agora a questão é como resolver isso sem criar uma indigestão.”

O relatório do Banco Mundial diz que de uma forma geral, os países em desenvolvimento do leste asiático devem crescer 7,1% neste ano, praticamente mantendo o mesmo ritmo de 2013.

Angola e Moçambique

Já na África, o Banco Mundial prevê um bom avanço para as economias da região subsaariana. Os países devem crescer 5,2% este ano, bem mais dos que os 4,7% de 2013.

Segundo o relatório, esse progresso vai ser alcançado devido a um aumento dos investimentos em recursos naturais e infraestrutura e também a uma alta nos gastos domésticos.

Um resultado prático disso foi a subida de 16% nos investimento nos setores de petróleo e gás em Angola e Moçambique.

O documento diz que o crescimento será visto com mais intensidade em países ricos em recursos naturais como Serra Leoa e República Democrática do Congo. Em Cote d’Ivoire, a Costa do Marfim, e no Mali, a situação continuará estável.

O turismo também cresceu na região atingindo US$ 36 milhões em 2013, equivalente a mais de R$ 85 milhões.