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Pesquisa do Banco Mundial investiga bens de ex-líder da Tunísia

Pesquisa do Banco Mundial investiga bens de ex-líder da Tunísia

Compilação reúne dados de 220 empresas associadas a Ben Ali e criadas pouco depois do levante de 2011; firmas teriam sido geradas para proteger interesses  familiares em caso de concorrência.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O antigo regime político da Tunísia usou regulamentação antiga e criou novas normas para beneficiar membros da família do ex-líder do país, Zine el Abidine Ben Ali.

A constatação faz parte de um estudo publicadopelo Banco Mundial. Intitulado “Tudo em Família, Captura Estatal na Tunísia”. A pesquisa revela que regulamentos teriam sido manipulados de tal forma para levar associados ao regime ao controlo de mais de 21% dos lucros do setor privado.

Nepotismo

A pesquisa foi publicada esta quinta-feira. Segundo os dados, 220 firmas associadas a Ben Ali foram identificadas pela comissão de confisco. Elas teriam sido criadas pouco depois do levante de 2011 contra o regime.

O levantamento sugere ainda que o clã do ex-líder tunisino investiu em setores lucrativos que foram protegidos, no que criou um sistema de nepotismo.

O estudo do Banco Mundial revela que as empresas analisadas tinham uma relação muito próxima com o ex-presidente da Tunísia. As legislações firmadas no período estudado, de mais de 17 anos, também apontam para a proteção dos interesses do clã contra a concorrência.

Alegações

O pesquisador do Banco Mundial, Bob Rijkers, afirmou que a pesquisa tem provas contundentes de que o antigo regime beneficiava do nepotismo. As alegações de corrupção da família do ex-líder da Tunísia tornaram-se uma fonte de frustração para os cidadãos do país. Há casos ainda de algumas escolas privadas encerradas porque concorriam com os de propriedade de parentes e amigos de Ben Ali.

Um outro economista do Banco Mundial, Antonio Nucifora, afirmou que o problema do nepotismo em relações comerciais continua a ser um dos maiores desafios atuais para a Tunísia.

Segundo ele, as políticas económicas do país devem ser modificadas para não ficarem à mercê de abusos, e a perpetuar a exclusão social e a corrupção.

*Apresentação: Eleutério Guevane.