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Ban destaca primeiro dia contra discriminação racial sem Mandela

Ban destaca primeiro dia contra discriminação racial sem Mandela

Chefe da ONU diz haver necessidade de reconhecer que atitude continua uma ameaça perigosa; massacre de Sharpeville levou Assembleia Geral a declarar o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Por ocasião da passagem do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, o Secretário-Geral das Nações Unidas lembrou tratar-se da primeira celebração após a morte de Nelson Mandela.

Na mensagem para marcar o 21 de março, o ex-presidente sul-africano é recordado pela sua coragem na “luta contra o apartheid e a vitória inspiradora sobre as forças racistas que o encarceraram durante 27 anos”.

Movimento

Ban Ki-moon explica que a Assembleia Geral da ONU proclamou a data para assinalar o massacre de Sharpeville. A intenção do ato era demonstrar solidariedade para com o movimento anti-apartheid.

Na cidade sul-africana morreram 69 pessoas e muitas outras ficaram feridas após disparos da polícia sul-africana para dispersar um protesto pacífico em 1960.

Compromisso

Ban apela ao reconhecimento da discriminação racial como uma ameaça perigosa, aliado ao compromisso de eliminá-la através do diálogo. Para o responsável, a inspiração deve ser a capacidade já comprovada dos indivíduos de respeitar, proteger e defender a rica diversidade como uma família humana.

O percurso de Mandela, da prisão até a presidência, é tido como o triunfo individual extraordinário contra as forças do ódio, da ignorância e do medo. Para Ban, trata-se de um testemunho do poder da coragem, da reconciliação e do perdão para superar a injustiça da discriminação racial.

Constituição

A área da província sul-africana de Gauteng acolheu a cerimónia da assinatura da primeira Constituição da África do Sul pós-apartheid, em 1996.

Ban cita o discurso de Mandela na ocasião a dizer que “a determinação inabalável de que o respeito pela vida humana, liberdade e bem-estar devem estar consagrados como direitos, que não podem ser restringidos por quaisquer poderes”.

A cidade é também é realçada como símbolo do impacto da discriminação racial, na mensagem que honra aos que perderam a vida no massacre.

Dignidade

O chefe da ONU disse ainda que o primeiro presidente da nova nação sul-africana enquadrou o legado de Sharpeville como uma determinação inabalável para proteger a dignidade e os direitos de todos.

Ban afirmou que o exemplo pode ser aplicado em qualquer lugar do mundo, não apenas para dar resposta a formas organizadas, institucionalizadas de racismo “onde quer que o problema ocorra, incluindo nas relações pessoais diárias”.

Os líderes políticos, cívicos e religiosos foram instados a condenar vigorosamente as mensagens e ideias baseadas no racismo, na superioridade ou ódio racial. A mensagem encoraja ainda que sejam deplorados os que incitam atitudes como racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância.