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Painel discute lacunas nos progressos para mulheres e meninas

Painel discute lacunas nos progressos para mulheres e meninas

Portuguesa do Comité da ONU de Direitos Económicos, Sociais e Culturais participou de mesa-redonda sobre o tema; Virgína Brás Gomes cita falhas que podem ser corrigidas na criação da próxima agenda de desenvolvimento.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Os desafios para mulheres e meninas na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio estão a ser discutidos durante a 58ª sessão da Comissão sobre o Estatuto das Mulheres.

O encontro de alto-nível decorre, em Nova Iorque, até 21 de março e reúne 6 mil representantes dos 193 países-membros da ONU. Na quarta-feira, uma mesa-redonda tratou da aceleração para o cumprimento das metas.

Próxima Agenda

O conjunto de oito objetivos que inclui a educação primária universal e a promoção da igualdade de género deve ser cumprido pelos países até dezembro de 2015.

Na reunião, os especialistas também debateram como as atuais lacunas podem ser preenchidas a partir da criação da “agenda pós-2015”. O conjunto de objetivos para o desenvolvimento sustentável passa a vigorar a partir de 2016.

A perita do Comité da ONU de Direitos Económicos, Sociais e Culturais Virgínia Brás Gomes, fez uma apresentação na mesa-redonda e de seguida falou com a Rádio ONU.

Educação

Na sua opinião, é imperativo que o próximo conjunto de metas dê continuidade aos sucessos alcançados até o momento.

“A questão do direito à educação. O direito à educação básica está praticamente atingido. Agora, isso não nos diz quantas mulheres se mantêm no sistema educativo; quantas delas passam ao ciclo secundário. E ao ciclo universitário, não é verdade? E a qualidade da educação? Portanto, aprendemos agora que uma meta em si preenchida pode dar origem a muito mais metas na tal realização progressiva dos direitos. E acho que isso no próximo quadro será muito importante.”

Medidas de Austeridade

Além de integrar o Comité da ONU, Virgínia Brás Gomes é assessora no Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social de Portugal. Assim como em outros países europeus, a perita afirma que as mulheres portuguesas ficaram muito vulneráveis após a crise económica mundial.

“São sempre sujeitas a maiores dificuldades. A questão das reformas, que tem levado a enormes cortes, afeta também as mulheres, porque também trabalharam menos, tem menos anos de carreira. Acho que há problemas que já vem do tempo em que não haviam, ou pelo menos não se sentia tanta austeridade e há problemas que agora foram reforçados com as medidas de austeridade.”

Ainda sobre igualdade de género, Virgínia Brás Gomes considera importante tratar da questão das diferenças salariais entre homens e mulheres e lembra ser um problema que ocorre em todo o mundo, inclusive nas nações desenvolvidas.

*Apresentação: Eleutério Guevane.