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Comissão investiga indícios de genocídio na República Centro-Africana BR

Comissão investiga indícios de genocídio na República Centro-Africana

Grupo chega ao país esta terça-feira para coletar provas de violações dos direitos humanos; propagação do discurso de ódio é uma das principais preocupações da equipe liderada por Bernard Acho Muna.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.*

A Comissão Internacional de Inquérito que investiga violações dos direitos humanos na República Centro-Africana chega ao país esta terça-feira.

O grupo foi estabelecido pelo Conselho de Segurança e tem o mandato de checar relatos de violações, coletar provas e informações e ajudar a identificar os responsáveis por tais abusos.

Instabilidade

Nesta segunda-feira, em Genebra, o presidente da comissão afirmou que o aumento do discurso de ódio e o colapso da lei e da ordem na República Centro-Africana podem anteceder sérias violações dos direitos humanos, incluindo o genocídio.

Bernard Acho Muna destacou que o país já passou por vários períodos de instabilidade política e de violência. Ele espera que a comissão seja o “início do fim da impunidade no país”.

Muçulmanos e Cristãos

O presidente do grupo explicou que serão ouvidos refugiados, muçulmanos e cristãos que fogem dos conflitos. Acho Muna acredita que a história desses civis irá ajudar a entender melhor a situação no país.

Acho Muna afirma já ter ouvido relatos de genocídio, e pela experiência em Ruanda, o discurso de ódio está sendo utilizado na República Centro-Africana.

Segundo o presidente da Comissão de Inquérito, está implícito no mandato do grupo avaliar como interromper qualquer progresso em direção ao genocídio.

Recomendações

A Comissão fará recomendações ao Conselho de Segurança sobre as atuais mensagens de ódio. Um relatório inicial sobre a visita à República Centro-Africana deve ser entregue ao órgão daqui a seis meses.

As Nações Unidas calculam que milhares de pessoas morreram durante os conflitos no país e que 2,2 milhões de pessoas, metade da população, precisam de ajuda humanitária

*Com reportagem de Patrick Maigua, da Rádio ONU em Genebra.