OMS quer ampliação do acesso a anticoncepcionais
Agência espera que métodos contraceptivos sejam fornecidos a todas as pessoas, sem discriminação; para os adolescentes, recomendação é de acesso sem autorização dos pais; 222 milhões de mulheres e meninas não usam nenhum método para evitar gravidez.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
A Organização Mundial da Saúde lançou esta quinta-feira novas recomendações aos países sobre métodos anticoncepcionais. A agência calcula que, no mundo, 222 milhões de mulheres que não querem engravidar não têm acesso a contraceptivos.
Por isso, a OMS espera que os governos forneçam a mais mulheres, meninas e casais, informações e serviços essenciais para evitar a gravidez.
Mais Pobres
A agência recomenda o acesso a todos que buscam o método, em especial à parcela mais carente e marginalizada da população. A maioria das pessoas que não obtém contraceptivos são jovens, pobres e vivem em áreas rurais ou em favelas.
A OMS destaca não ser necessário nenhum tipo de discriminação ou de violência contra as pessoas que querem usar anticoncepcionais. Uma recomendação é que os adolescentes tenham acesso a esses serviços sem precisar da autorização de seus pais.
Orientação
A proposta foi elogiada pelo médico da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, Daniel Pereira da Silva, que falou à Rádio ONU diretamente de Coimbra.
“Por força do mundo atual, dos hábitos contemporâneos, os adolescentes começam sua vida sexual cada vez mais cedo. E hoje é fundamental que o adolescente tenha pelo menos acesso a essas consultas, a esses métodos de contracepção, de modo a que ele possa assumir a sua sexualidade correndo o mínimo de risco possível, não só de uma gravidez, mas igualmente das doenças de transmissão sexual.”
Segundo Daniel Pereira da Silva, em Portugal, os jovens já podem obter anticoncepcionais sem o consentimento dos responsáveis. Mas o médico lembra que o papel dos pais continua sendo essencial na orientação dos adolescentes que iniciam a vida sexual.
Privacidade
O guia aborda também a eficácia dos programas de educação sexual para jovens, com informações sobre como utilizar os métodos e como obter os contraceptivos.
No caso das mulheres, a agência da ONU espera que elas obtenham os anticoncepcionais sem depender da autorização dos seus maridos. As novas sugestões ressaltam a importância de respeitar a privacidade dos pacientes.
Saúde
A OMS recomenda ainda o fim das barreiras financeiras, para que os métodos contraceptivos possam ser adquiridos por qualquer pessoa, inclusive os mais pobres.
Nos países de baixa renda, a falta de acesso aos contraceptivos coloca seis em cada 10 mulheres em risco de gravidez indesejada, o que, segundo a agência da ONU, pode ameaçar a saúde e a vida das mães e das crianças.
Casos de natimortos ou de morte na primeira semana de vida é 50% maior entre bebês gerados por mulheres menores de 20 anos de idade.