Em fevereiro, clima e procura ditaram aumento de preços alimentares
FAO prevê que crise ucraniana venha a influenciar custo da comida em março; com 6,2%, açúcar regista maior subida de preços seguido pelos cereais, óleos vegetais e laticínios.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, disse que os preços dos alimentos subiram 2,6% em fevereiro, comparados ao primeiro mês do ano. O valor corresponde a 5,2 pontos.
Para o considerado maior aumento registado desde meados de 2012, contribuíram as tendências relacionadas com o tempo e o aumento da demanda, refere o Índice de Preços de Alimentos da agência.
Danos
A carne foi o único dos bens de primeira necessidade a cair 0,5% em relação a janeiro.
Falando de Roma, a economista sénior da FAO, Concepción Calpe, disse que o aumento é um dos maiores dos últimos dois anos.
Como explicou, a performance é uma reação às más notícias ligadas ao tempo em grandes exportadores como o Brasil e os Estados Unidos. Disse haver também um receio sobre o que pode acontecer nas colheitas de 2014.
Açúcar
A maior subida ocorreu no açúcar, com 6,2%. O desempenho verificou-se em finais do mês devido às preocupações com as culturas, ao clima seco no Brasil, e às previsões de uma potencial queda da produção na Índia.
Os cereais, os óleos vegetais e os laticínios também seguiram a tendência de aumento.
Ucrânia e a Rússia
A FAO refere que as mudanças na Ucrânia e na Rússia, os dois grandes exportadores de cereais, devem influenciar o índice no próximo mês.
Apesar de ter recebido relatos da alta nos preços de trigo e de milho relacionados com os últimos desenvolvimentos na Ucrânia, a agência diz que o desempenho de fevereiro não pode ser atribuído a estes eventos.
Colheitas
A agência também publicou as perspectivas de colheita para 2014.
Apesar do agravamento da seca em Angola e de deficits de precipitação em Moçambique, a agência prevê melhorias em vários países da África Austral após baixas colheitas anteriores.
O abastecimento de milho deve ser limitado e os altos preços dos alimentos devem, entretanto, continuar a ter impacto nas populações mais vulneráveis.