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Pelo menos 240 mil pessoas continuam sob cerco na Síria, diz estudo

Pelo menos 240 mil pessoas continuam sob cerco na Síria, diz estudo

Chefe dos direitos humanos da ONU diz que barrar o acesso humanitário aos civis pode ser considerado crime de guerra; documento ilustra impacto de barricadas e de postos de controlo em várias cidades do país.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Cerca de 240 mil pessoas continuam a viver sitiadas na Síria, revela um estudo publicado esta quarta-feira pelo Escritório dos Direitos Humanos, em Genebra.

O trabalho intitulado “Vivendo sob Cerco” revela que o método imposto pelas forças e milícias pró-governo bem como pelos grupos da oposição resultou em graves dificuldades, no sofrimento e na morte de civis.

Violação

Produzido entre abril de 2013 e janeiro deste ano, o documento adverte para a clara violação das obrigações previstas no Direito Internacional dos Direitos Humanos e do Direito Internacional Humanitário.

A alta comissária para os Direitos Humanos disse que as normas exigem que as partes em conflito garantam a passagem rápida do auxílio aos necessitados. Como mencionou, esta deve ocorrer de forma contínua e sem impedimentos contrariamente às entregas e operações pontuais.

Crime de Guerra

Navi Pillay reiterou ainda que impedir o acesso humanitário aos civis em necessidade desesperada pode ser considerado um crime de guerra.

O estudo tem como foco várias áreas atualmente sitiadas pelas partes em conflito na capital Damasco e na sua área rural além das cidades de Homs e Aleppo. Pillay refere que a análise confirma o impacto devastador do cerco contra civis, incluindo os mais vulneráveis .

Miséria Absoluta

A recente saída de famílias da cidade velha de Homs, após terem estado sitiadas durante mais de 600 dias, é para alta comissária um facto que ilustra a vida das vítimas em miséria absoluta.

Pillay lembra que é proibido usar a fome como método de guerra e, por extensão, a imposição de cercos que põem em risco a vida da população civil ao privá-la de bens essenciais para a sobrevivência.

O documento realça ainda o impedimento do movimento de pessoas, bens e suprimentos através de barricadas e de postos de controlo. Os métodos são vistos como ações que pioram o sofrimento dos civis sem alimentos, água, eletricidade, combustível e suprimentos de assistência médica aos que estão em risco de vida.

Mortes

Num outro desenvolvimento, a Agência de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, manifestou choque com a morte de pelo menos 18 pessoas devido a explosivos nesta terça-feira.

Cinco estudantes palestinianos e um membro da equipe da agência morreram no ataque ocorrido próximo a uma escola em Muzeirib, no sul da Síria.

Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas no incidente que teve lugar a 11 quilómetros a noroeste de Deraa, uma semana depois de uma explosão ter ferido 40 crianças em idade escolar na mesma cidade.

*Apresentação: Denise Costa.