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OMS alerta que são necessárias medidas de prevenção no combate ao câncer BR

OMS alerta que são necessárias medidas de prevenção no combate ao câncer

Agência da ONU disse que batalha contra a doença não será vencida apenas com tratamento; número de novos casos por ano aumentou para 14 milhões; câncer mata 8,2 milhões de pessoas anualmente.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

A Organização Mundial da Saúde alerta que a batalha global contra o câncer não será vencida apenas com tratamentos. Segundo a OMS, são necessárias medidas de prevenção eficazes urgentemente para evitar uma crise da doença.

A Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer, Aipc, que faz parte da OMS, lançou esta segunda-feira o Relatório Mundial do Câncer 2014, que contou com a colaboração de 250 cientistas de mais de 40 países. O documento foi divulgado na véspera do Dia Mundial do Câncer, nesta terça-feira 4 de fevereiro.

Prevenção

Em Genebra, um dos autores do documento, o médico Bernard Stewart, afirmou em entrevista à Rádio ONU que a prevenção deve ser feita em dois níveis.

Ele explicou que são as chamadas prevenções primárias. Segundo ele, deve-se reduzir o contato das pessoas com produtos cancerígenos conhecidos, como o cigarro e a bebida alcoólica.

Além disso, é necessário combater os tipos de câncer causados pela exposição ambiental como é o caso da poluição do ar e no ambiente de trabalho.

Investimento

Stewart disse que os dois problemas podem ser enfrentados com leis e regulamentos. Para ele, os governos devem mostrar compromisso político para avançar com a implementação de exames e programas para detectar a doença ainda nos estágios iniciais.

O médico afirmou que esse processo deve ser visto como um investimento e não como um custo.

Casos e Mortes

Em 2012, foram registrados 14 milhões de novos casos de câncer no mundo inteiro. A OMS calcula que esse número deve subir para 22 milhões nas duas próximas décadas.

O número de mortes também deve aumentar dos 8,2 milhões atuais para 13 milhões por ano durante o mesmo período.

Os casos mais comuns diagnosticados foram o câncer nos pulmões, seguido do câncer de mama e do intestino. Já em relação às mortes, o tipo mais letal da doença foi o câncer dos pulmões, seguido do fígado e do estômago.

Envelhecimento

O relatório da Aipc mostrou ainda que como consequência do envelhecimento da população, os países em desenvolvimento acabaram sendo mais atingidos pelo avanço da doença.

Mais de 60% dos casos de câncer ocorrem na África, na Ásia e nas Américas Central e do Sul. Essas regiões são responsáveis também por 70% das mortes.

Segundo as autoridades, a situação piora pela falta de detecção precoce da doença ou falta de acesso aos tratamentos.

O relatório afirma que o acesso eficaz e acessível aos tratamentos nos países em desenvolvimento, incluindo para as crianças, reduzirá de forma significativa a mortalidade.

Custo

O documento cita ainda os altos custos dos serviços médicos. Em 2010, por exemplo, o custo econômico global anual para o tratamento do câncer chegou a US$ 1,1 trilhão, mais de R$ 2,6 trilhões.

Para a OMS, o avanço do câncer no mundo inteiro representa um grande obstáculo ao desenvolvimento e ao bem-estar humano.

O relatório deixa clara a importância de uma lei adequada para reduzir a exposição e os comportamentos de risco.

O documento cita a Convenção sobre o Controle do Tabaco, que teve o apoio da OMS. O tratado internacional tem sido crucial para reduzir o consumo de produtos derivados do tabaco através de altos impostos e a proibição de propagandas, entre outras medidas.