Milhões de hectares, do tamanho do Brasil, sob ameaça de degradação
Relatório do Programa da ONU para o Meio Ambiente afirma que 849 milhões de hectares podem deixar de existir até 2050; agência alerta para urgência em reverter o uso insustentável da terra.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
Segundo o Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, 849 milhões de hectares de terra correm o risco de degradação até 2050, uma área que corresponde ao tamanho do Brasil.
A agência lançou um relatório sobre uso insustentável da terra esta sexta-feira, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos. Da cidade suíça, o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, falou à Rádio ONU sobre o documento.
Consumo
“O relatório demonstra o desafio global que devemos ter a cada dia, e precisamos mais produtividade no setor da agricultura. O relatório tem fatos muito importantes para se desenhar uma estratégia para a agricultura, segurança alimentar e mudança climática, sobre como podemos reagir a estes desafios.”
O Pnuma explica que para alimentar o número crescente de pessoas no planeta, savanas, pastos e florestas foram convertidos em lavouras. Isso gerou aumento da degradação ambiental e perda da biodiversidade, afetando 23% do solo mundial.
Nas últimas cinco décadas, o desmatamento ocorreu numa velocidade de 13 milhões de hectares perdidos por ano.
Proteínas
Atualmente, mais de 30% das terras são utilizadas no setor agrícola e 10% nas lavouras. O relatório ressalta a importância de balancear consumo com produção sustentável.
Alimentos, combustíveis e fibras ganham destaque no estudo, que descreve como os países podem determinar se o nível de consumo excede a capacidade de produção sustentável.
O relatório cita o aumento, nos países em desenvolvimento, das dietas ricas em proteínas e a demanda crescente por biocombustíveis, dois fatores que geram maior exploração da terra.
Mudanças
A estimativa do Pnuma é que a expansão das lavouras seja entre 120 e 500 milhões de hectares até 2050. Para reverter a degradação, o relatório sugere várias medidas, como melhor manejo do solo e planejamento do uso da terra.
Outras propostas são: investir na restauração de terras degradadas; melhorar a produção agrícola, de maneira ecologicamente e socialmente aceitável; reduzir o desperdício alimentar e promover o consumo de vegetais e reduzir as quotas de biocombustíveis nos países.
Se as medidas forem tomadas, o Pnuma acredita que 319 milhões de hectares de terra podem ser preservados até 2050.
O relatório foi produzido pelo Painel Internacional de Recursos, liderado pelo Pnuma, com a participação de 27 cientistas e governos de 33 países.