Em carta aberta a Genebra 2, personalidades apoiam crianças sírias
António Guterres e Desmond Tutu assinaram carta a líderes que participam da Conferência sobre conflito na Síria; grupo avança proposta de três pontos para proteger os menores do país.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A morte de mais de 11 mil crianças devido ao conflito na Síria é destacada numa carta aberta de várias personalidades, enviada aos líderes da Conferência Genebra 2, iniciada nesta terça-feira em Montreux.
O Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, está entre os assinantes da mensagem, que realça o evento como momento para que haja concentração urgente das partes na situação das crianças.
Três Pontos
A carta apresenta uma proposta de três pontos para a proteção dos menores. O primeiro é que não seja impedido o acesso de auxílio para salvar vidas das crianças.
Os líderes querem também que escolas e centros de saúde não sejam alvos de ataques e não permitido o seu uso militar. O último ponto é que não se usem armas explosivas em áreas povoadas.
Falando à Rádio ONU, da Jordânia, a porta-voz do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, Juliette Touma, contou sobre o que testemunhou na Síria, após ter visitado recentemente. Ela disse que mais de 5 milhões precisam de assisência humanitária.
Conforme citou, várias crianças abrigadas em Damasco disseram ter visto pessoas mortas, que vivem em ambiente de medo e têm pesadelos por temer a morte.
As 14 personalidades que assinam a carta incluem o arcebispo emérito sul-africano, Desmond Tutu e o ex-chefe da diplomacia britânica, David Miliband. Das Nações Unidas participam os chefes da Assistência Humanitária, Valerie Amos, do Fundo da ONU para a Infância e da Organização Mundial da Saúde.
Ataques
Entre os motivos apontados para a morte dos menores destacam-se o bombardeamento de áreas residenciais e ataques a escolas e hospitais, onde as crianças acabam atingidas.
Mais de 4 milhões de menores foram forçados a fugir de suas casas, incluindo mais de 1 milhão que foi obrigado a sair do país, refere o grupo.
Abrigo e Proteção
Além de menores traumatizados, os efeitos da guerra para as crianças estão a fome e a necessidade urgente de abrigo e proteção.
As personalidades lembram que de uma forma escandalosa, a ajuda não pode chegar às crianças mais necessitadas. Centenas de milhares estão presas em zonas de conflito e recebem pouca ou nenhuma assistência.
Os assinantes consideram mais um fracasso da comunidade internacional o facto de haver uma criança magoada, morta ou que perdeu um ente querido na Síria.
Ao terminar a carta os signatários chamam à responsabilidade de salvar as crianças.