Conflito sul-sudanês desaloja mais de 155 mil numa semana
Razões para movimentações incluem piores condições de vida e carência alimentar; continuação de combates e progresso lento das negociações de Adis Abeba fazem prever maior fluxo.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados, Acnur, disse que o conflito sul-sudanês já fez mais de 355 mil deslocados internos. Até a semana passada, tinham sido registados cerca de 200 mil.
Além do evoluir dos combates, os motivos da fuga incluem o agravamento das condições de vida, incluindo a falta de alimentos em mercados.
Mais refugiados
A agência da ONU indica que os países vizinhos acolhem mais de 78 mil pessoas, desde meados de dezembro. Mais da metade são mulheres e crianças e estão na região ugandesa do Nilo Ocidental, que abrange o Sul do Sudão e a República Democrática do Congo.
A informação surge no dia em que agências noticiosas citaram o exército do país a anunciar a morte de mais de 200 civis sul-sudaneses por afogamento no rio Nilo, durante a fuga de combates entre o governo e rebeldes na cidade de Malakal. O incidente teria ocorrido neste domingo.
Negociações
A agência prevê mais deslocamentos dentro e fora das fronteiras sul-sudanesas devido à continuação dos combates no país principalmente nos estados de Jonglei do Alto Nilo. O fator é associado ao que o Acnur considera progresso lento nas negociações políticas que decorrem na capital etíope, Adis Abeba.
Esta terça-feira, marcou o retomar do diálogo entre representantes das forças leais ao presidente Salva Kiir e soldados apoiantes do seu vice-presidente, Riek Machar. O reencontro entre as partes acontece cerca de um mês após o arranque dos combates que mataram pelo menos 1 mil pessoas.
O Acnur prevê iniciar, na quarta-feira, a distribuição alimentar para 77 mil refugiados sudaneses em três dos 10 acampamentos do estado de Unidade, com o apoio da missão de paz da ONU no país, Unmiss.
*Apresentação: Denise Costa