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República Centro-Africana: relatores pedem medidas urgentes contra crise

República Centro-Africana: relatores pedem medidas urgentes contra crise

Apelo foi lançado, esta quinta-feira, aos países dos Grandes Lagos; representante da ONU diz que em Bangui foram interrompidos confrontos, enquanto decorrem ações de desarmamento.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Cinco peritos de direitos humanos das Nações Unidas pediram à Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos que tome medidas urgentes para resolver a crise na República Centro-Africana.

Em comunicado, emitido esta quinta-feira, em Genebra, as partes em conflito foram instadas a pôr “termo imediato e de forma incondicional à violência e aos ataques contra civis”.

Normalidade

Os especialistas são responsáveis por áreas como minorias, violência contra as mulheres, execuções sumárias, deslocados internos e liberdade de religião.

Falando à Rádio ONU da capital centro-africana, Bangui, o representante especial do Secretário-Geral no país, general Babacar Gaye, disse que a cidade está a voltar à normalidade.

Vulneráveis

De acordo com o representante, mais de 40 mil deslocados internos estão no aeroporto principal e outros 40 mil encontram-se num complexo do arcebispo de Bissangoa. Conforme acrescentou, a capital não regista confrontos e decorrem ações de desarmamento.

Os especialistas dizem ter conhecimento das iniciativas para desarmar as milícias, mas alertam para o potencial de deixarem algumas comunidades vulneráveis a ataques de forças rivais.

Comunidades Indefesas

O apelo lançado à comunidade internacional é que acompanhe de perto a situação para não deixar as comunidades indefesas.

As últimas semanas foram marcadas pelo escalar de confrontos armados, com registo de alguns com motivação religiosa. Em várias partes do país, cristãos e muçulmanos estiveram envolvidos em ataques retaliatórios.

Responsabilidade

As atrocidades cometidas também incluem execuções arbitrárias, recrutamento de crianças-soldado, ataques a instalações médicas, aumento do estupro. A responsabilidade pelos atos é atribuída pelos peritos a elementos armados de ambos os lados.

Agências noticiosas citam dados de ONGs a referir que durante as duas últimas semanas o número de mortos ultrapassou os 1 mil.

O grupo refere que os atos violentos ameaçam evoluir para um conflito sectário entre comunidades cristãs e muçulmanas. A outra preocupação é com a deterioração dos direitos humanos e da situação humanitária.

Em março, a coaligação de forças Seleka, composta por muçulmanos, derrubou o presidente François Bozizé, que partiu para o exílio.