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Unicef alerta que 3 milhões de crianças largaram a escola na Síria BR

Unicef alerta que 3 milhões de crianças largaram a escola na Síria

Agência da ONU afirmou que o declínio da educação é o pior e o mais rápido na história do país; relatório mostrou que o progresso alcançado durante décadas no setor foi revertido em menos de três anos por causa da violência.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alertou que 3 milhões de crianças sírias foram forçadas a abandonar a escola por causa da violência que atinge o país há quase três anos.

O relatório “Educação Interrompida”, divulgado esta sexta-feira, explica que as crianças deixaram de ir as aulas por vários motivos, entre eles, porque as escolas foram destruídas, porque elas estavam com medo ou porque a família fugiu do país.

Declínio

O documento foi preparado pelo Unicef com a ajuda do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur e da ONG World Vision.

Em Genebra, a porta-voz do Unicef, Marixie Mercado, afirmou que o declínio da educação para as crianças na Síria é o pior e o mais rápido na história do país.

O progresso alcançado no setor durante décadas foi revertido em menos de três anos.

O relatório é a primeira tentativa das autoridades para quantificar a extensão total da situação do setor, num país onde o comparecimento nas escolas primárias era de 97% antes do início do conflito, em 2011. Em algumas regiões a frequência atualmente atinge apenas 6%.

O documento cita que na melhor das hipóteses, as crianças estão recebendo uma educação esporádica e na pior, além de abandonarem os estudos, ainda são forçadas a trabalhar para ajudar a família.

Escolas

As agências afirmam que dentro do território sírio, uma em cada cinco escolas não pode ser usada porque foi destruída ou está abrigando desalojados pela guerra.

As áreas mais atingidas foram A-Raqqa, Idlib, Aleppo, Deir Ezzour, Hama, Daraa e a região rural de Damasco, a capital.

Nos países vizinhos, o relatório calcula que até 600 mil crianças sírias refugiadas não frequentam colégio.

Ações

O relatório do Unicef cita algumas ações que podem ajudar a melhorar a situação.

As autoridades pedem a proteção das escolas e seu uso exclusivo para o ensino das crianças e não para fins militares. Os prédios devem ser declarados como áreas de paz.

Além disso, o documento sugere aumento do investimento internacional para a educação e a criação de modelos de aprendizado que possam ser implementados em casa.

Combustível

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, começou a distribuir 10 mil litros de combustível para os deslocados sírios que vivem em abrigos de emergência em Damasco.

Segundo o PMA, o combustível será usado em aquecedores e fogões para que as pessoas possam se aquecer e cozinhar durante o inverno na região.

A agência da ONU entregou comida para 3 mil famílias, o suficiente para alimentar 15 mil pessoas por um mês. Em algumas regiões de difícil acesso, a ajuda será levada de helicóptero ou avião.

O PMA planeja distribuir alimentos para 4 milhões de pessoas espalhadas por toda a Síria em dezembro.