OIM cita relatos de estupro e tortura de ex-migrantes da Arábia Saudita
Número de voos fretados para a Etiópia subiu de seis para 20; repatriamento segue-se à aprovação de lei saudita que prevê a regularização da estadia de migrantes e obtenção de autorizações de trabalho.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, relatou episódios de estupro e de tortura contados por várias pessoas que fazem parte dos mais de 100 mil migrantes retornados da Arábia Saudita.
Milhares de estrangeiros sem documentos, provenientes principalmente do Iémen e da Etiópia, foram detidos pelas autoridades sauditas e estão a ser devolvidos aos países de origem.
Tráfico Humano
A responsável de programas da OIM na capital etíope, Adis Abeba, Sharon Dimanche, disse que a maioria dos repatriados foi vítima do tráfico humano e teve os direitos humanos violados na Arábia Saudita.
Conforme referiu, o número de chegadas de migrantes tende a aumentar, com o registo diário de cerca de 7 mil. Ela acrescentou que as principais histórias destacam o estupro e a tortura, tendo ressaltado que vários homens teriam assistido as suas esposas em tais atos. A representante disse que as mulheres sentem-se sujas e contaminadas.
Bens Pessoais
Conforme os relatos, vários migrantes teriam sido espancados e tiveram o seu dinheiro e outros bens pessoais roubados na Arábia Saudita.
A IOM considera que a operação de retorno é enorme, tendo lançado um apelo de US$ 13 milhões para dar apoio à reintegração das vítimas que na sua maioria voltam de mãos vazias.
Homens e Menores
A agência diz que os voos fretados diariamente para a Etiópia passaram de seis para 20. A maioria dos passageiros são homens e menores desacompanhados.
Após o seu registo na chegada, os imigrantes recebem alimentos, além de um controlo médico e US$ 50 para o regresso às suas residências.
A Arábia Saudita aprovou uma nova lei que prevê que todos os imigrantes regularizem a sua estadia no país e obtenham autorizações de trabalho.