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Grupos armados centro-africanos envolvem mais de 6 mil crianças

Grupos armados centro-africanos envolvem mais de 6 mil crianças

De acordo com o Unicef, libertação de menores é tema de contactos com grupos armados; impunidade e abusos ocorrem no país, onde metade da população tem menos de 18 anos.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Cerca de 6 mil crianças foram recrutadas para as fileiras de grupos armados na República Centro-Africana, revelou esta quinta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.

Em nota, a agência refere que quase metade dos menores foi recrutada este ano, após o derrube do governo por forças rebeldes há nove meses.

Impunidade

A situação de segurança no país é tida como volátil e imprevisível, com a ação dos grupos armados que “rondam as áreas rurais e cometem atos de violência de forma impune.”

Os civis criaram grupos de milícias de autodefesa, quando ocorrem confrontos diários entre as comunidades cristãs e muçulmanas.

Antigos Rebeldes

Falando a jornalistas, em Genebra, o diretor do Unicef no país, Souleymane Diabate, disse que os designados grupos de autodefesa também envolvem menores no combate aos antigos rebeldes Seléka.

O responsável disse que a ação da agência ocorre de maneira complexa e em circunstâncias difíceis com vista à retomada de campanhas para que as crianças voltem à escola. Segundo acrescentou, estão em curso contactos da agência com grupos armados do ex-Seleka para a libertação das crianças.

Mais de metade de centro-africanos são menores de 18 anos, refere o Unicef.

Ajuda

Estima-se que 400 mil pessoas foram deslocadas pela crise política e a violência na sequência dos confrontos que culminaram com a saída do país do antigo presidente François Bozizé.

As Nações Unidas acreditam que cerca de metade dos 4 milhões de cidadãos da República Centro-Africana esteja a precisar de ajuda humanitária.