Dívida dos países pobres aumentou em 2012
Unctad defende que não deve haver razão para alarmismos com queda de 22% do rácio entre dívida e rendimentos; em Genebra, peritos discutem como o grupo de nações pode lidar com eventos externos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O rácio da dívida dos países em desenvolvimento em relação ao Produto Interno Bruto, PIB, agravou em média 22% em mais de uma década.
A Conferência da ONU sobre o Comércio e Desenvolvimento, Unctad, disse que a baixa registada em 2012 é a primeira da relação entre a dívida e os rendimentos dos países pobres no período. A informação foi dada na Conferência de Gestão da Dívida, que decorre até esta quarta-feira, em Genebra.
Mudança
A agência defende que o fluxo de capital para os países pobres tornou-se mais volátil com a mudança do quadro das taxas de juro, a longo prazo, nas economias mais avançadas.
Entre os motivos está o aumento da especulação em torno da estabilização de medidas de estímulo do governo. Em alguns casos, os movimentos de capital para países em desenvolvimento tiveram uma reversão.
Desafios
O secretário-geral da agência disse, entretanto, que não há nenhuma razão para alarme. Mukhisa Kituyi explicou que contrariamente à década de 90, grande parte dos casos agudos de alto perfil da dívida soberana ocorre em países avançados.
O responsável afirmou ainda que os desafios merecem vigilância, apesar de a posição dos países em desenvolvimento em relação à dívida externa permanecer controlável.
Reformas
Kituyi pediu que haja reformas a nível internacional com base num mecanismo que venha a ser acordado para lidar com as dívidas, que deve ser usado na eventualidade de uma nova crise.
Num painel de alto nível, a conferência também deve discutir como os países em desenvolvimento podem lidar com eventos externos que possam afetar as suas situações de dívida.
*Apresentação: Denise Costa.