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Tráfico ilegal de madeira gera receitas de até US$ 100 bilhões por ano BR

Tráfico ilegal de madeira gera receitas de até US$ 100 bilhões por ano

Segundo Pnuma e Interpol, crimes ambientais podem estar financiando o terrorismo pelo mundo; agências chamam atenção para o problema em reunião em Nairobi.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma e a Organização Internacional de Polícia Criminal, Interpol, estão chamando a atenção para os impactos dos crimes ambientais.

As agências citam estudos afirmando que o tráfico ilegal de animais e de madeira pode ajudar a financiar o terrorismo e o crime organizado pelo mundo.

Elefantes

Segundo o Pnuma, só o tráfico ilegal de animais selvagens, como elefantes, rinocerontes e tigres, gera lucros entre US$ 15 e US$ 20 bilhões por ano, ou até mais de R$ 45 bilhões.

Em 2011, pelo menos 17 mil elefantes africanos foram assassinados, reflexo do aumento do tráfico ilegal de marfim. E a apreensão de pacotes com mais de 800 kgs de marfim, que tinham como destino a Ásia, mais que dobrou nos últimos cinco anos.

No começo do ano, uma ação da Interpol na África prendeu 66 pessoas e apreendeu mais de 4 mil produtos feitos com marfim ilegal.

Madeira

Sobre o comércio ilegal de madeira, o Pnuma e a Interpol afirmam ser um mercado que vale entre US$ 30 e US$ 100 bilhões por ano. Em fevereiro, a Interpol fez uma operação em vários países da América Latina, incluindo o Brasil, que resultou em 200 pessoas presas e na apreensão de 150 veículos com madeira.

As duas agências também destacam que a pesca ilegal responde por 20% do total de peixes pescados no mundo. Os números são da WWF. A Interpol lançou este ano o “Projeto Escala”, para combater crimes no setor e garantir o cumprimento de leis nacionais.

Lixo Eletrônico

Outro crime ambiental que gera preocupação é o desvio de lixo eletrônico para o mercado negro, para evitar os custos associados com a reciclagem.

No ano passado, uma operação de combate ao comércio ilegal de lixo eletrônico apreendeu 240 toneladas de equipamentos, como televisores e computadores, e investigou 40 empresas envolvidas no crime.

Foram feitas vistorias em portos da Bélgica, Alemanha, Holanda e      Grã-Bretanha, região considerada fonte de lixo eletrônico que segue para outras partes do mundo. A Interpol também verificou portos no Gana, Guiné e Nigéria, países que são destino desse lixo.

O diretor do Pnuma, Achim Steiner, sugere aos países que melhorem os serviços de inteligência, o trabalho da polícia e reforcem a capacidade das alfândegas para diminuir o índice desses crimes.

A Interpol e o Pnuma debatem os impactos e possíveis soluções para os crimes ambientais até sexta-feira, em uma reunião em Nairobi, no Quênia.