Comissão que analisa direitos humanos na Coreia do Norte deixa os EUA
Durante o trabalho no país, grupo de peritos ouviu testemunhas, pesquisadores, académicos e especialistas; em Washington, Comissão disse atenções vão ser dadas à prestação de contas e aos crimes contra a humanidade.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O grupo que investiga os direitos humanos na Coreia do Norte disse estar confiante quanto à recolha “de indícios e de informações substanciais para abordar todas as áreas pedidas pelo Conselho de Direitos Humanos.”
As declarações foram feitas, esta sexta-feira, em Washington, pelo chefe do Comissão de Inquérito, Michael Kirby, após uma série de sessões de audição de testemunhas nos Estados Unidos.
Prestação de Contas
O juiz australiano disse que as atenções estarão agora voltadas para a prestação de contas e os crimes contra a humanidade, tidos como as mais difíceis e importantes solicitadas pelo órgão da ONU.
O destaque das sessões, ocorridas nestas quarta e quinta-feiras, foram duas testemunhas sul-coreanas. Jo Jinhye descreveu as experiências de subnutrição grave, da perda de dois irmãos e avó devido à fome, além da prisão dos seus pais por cruzarem frequentemente a fronteira para a China em busca de alimentos.
A segunda testemunha, que por temer represálias não quis ser identificada, falou da sua prisão sob acusação de praticar atividades religiosas proibidas. Durante 10 dias, esta teria passado maus tratos como o episódio em que foi “forçada a ficar descalça um dia inteiro em temperaturas abaixo de zero” ou vários espancamentos em interrogatório.
Pesquisadores
Para Kirby, questões relativas à responsabilização e aos crimes contra a humanidade não podem ser tomadas de ânimo leve.
Nos Estados Unidos, o grupo ouviu testemunhos de pesquisadores, de académicos e de especialistas em direitos humanos. As áreas analisadas incluem a de alimentos e de assistência alimentar.
Foi também examinada a associação entre a escassez alimentar crónica e o uso do fenómeno como forma de controlo de grupos.
Campos de Detenção
A Comissão recebeu informações sobre a capacidade de utilizar imagens de satélite para obter informação sobre o “vasto sistema carcerário de campos políticos da Coreia do Norte.”
Nos dois dias, também foram ouvidos depoimentos de áreas como o tratamento submetido a mulheres detidas ou sujeitas a outros tipos de violência e repressão no seu país e na China, além de receios de perseguição, tortura e outras graves violações dos direitos humanos.
A Comissão recebeu depoimentos de soldados norte-americanos que foram prisioneiros de guerra.
A comissão formada este ano já ouviu mais de 70 testemunhas e entrevistou centenas de vítimas em audiências realizadas em países como Coreia do Sul, Japão, Reino Unido e Tailândia.
*Apresentação: Denise Costa