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África vê impunidade como entrave para a mulher na luta contra conflitos

África vê impunidade como entrave para a mulher na luta contra conflitos

Situações de instabilidade no continente ocupam maior parte da agenda do órgão; em debate sobre o tema, Brasil defende que se saiba a verdade sobre as violações contra as mulheres.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A comunidade internacional debateu, esta sexta-feira, a necessidade de integrar mais mulheres na prevenção de conflitos, nos esforços para a sua resolução e na manutenção da paz em situações pós-guerra.

No evento do Conselho de Segurança, a situação da República Centro-Africana foi ilustrada pela fundadora da Associação de Mulheres Juristas do país, Brigitte Balipou. O debate dos conflitos do continente ocupa cerca de 60% da agenda do órgão, segundo as Nações Unidas.

Fragilidade

Em declarações à Rádio ONU, feitas à margem do encontro, o embaixador da União Africana junto das Nações Unidas, Tete António, considerou crónico o cenário de fragilidade a que estão expostas as mulheres congolesas.

“Temos muitos casos de violência contra a mulher em situação de conflitos. O caso da República Democrática do Congo é clássico de uma situação que merece muita atenção devido à violência em conflitos, que se tornou praticamente uma arma no leste do país,” disse.

De acordo com o representante, a prestação de contas pode garantir o maior envolvimento feminino nos esforços de solução de conflitos, pelo facto de as mulheres serem as grandes vítimas de confrontos armados.

Impacto

“Creio que é preciso educar as pessoas. As guerras nascem no espírito das pessoas e é preciso atacar esses mesmos espíritos para acabar com os fatores negativos. É preciso este trabalho todo e um esforço para acabar com a impunidade. Creio que isso pode ter um impacto na situação no terreno.”

No evento, o Brasil considerou essencial conhecer a verdade sobre as violações contra as mulheres, para que seja alcançada a reconciliação nacional. A proposta deve ser integrada no âmbito da justiça no período de transição.

A mensagem foi dada pelo embaixador do país junto à ONU, Guilherme Patriota. Ele considerou que a justiça transicional joga um papel importante ao garantir que uma estrutura de justiça permanente possa considerar os interesses da mulher nos seus fundamentos.

O Conselho de Segurança marcou o início do debate com a aprovação de uma resolução que estabelece medidas para permitir que as mulheres participem na resolução de conflitos e no processo de recuperação.