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Cepal quer maior proteção das mulheres indígenas da América Latina BR

Cepal quer maior proteção das mulheres indígenas da América Latina

Conferência sobre a Mulher termina nesta sexta-feira na República Dominicana; no Brasil, quase 60% das indígenas vivem em áreas rurais.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Um novo estudo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe, Cepal, destaca as desigualdades enfrentadas pelas mais de 23,5 milhões de mulheres indígenas da região.

O relatório foi apresentado durante a Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, que termina esta sexta-feira em Santo Domingo, República Dominicana.

Autonomia

Segundo o levantamento, 60% das mulheres indígenas do Brasil vivem em áreas rurais. Esse é um dos fatores que dificulta a autonomia econômica do grupo, segundo a representante de Assuntos Sociais da Cepal.

De Santo Domingo, Lucia Scuro também falou à Rádio ONU sobre a discriminação sofrida pelas indígenas da América Latina.

“(Elas) estão em piores condições que o resto da população e é preciso políticas específicas para as mulheres indígenas. Elas estão muito mais presentes no mercado informal do emprego; têm remunerações muito mais baixas que as mulheres ou que o resto da população; moram em áreas muito mais longe dos centros das cidades e por isso, têm muito mais dificuldade para comercializar os seus produtos, para ter acesso às tecnologias da informação e da comunicação.”

Escola

De acordo com a Cepal, o México tem a maior concentração de mulheres indígenas – mais de 8,6 milhões, seguido do Peru e da Colômbia. No Brasil, são mais de 444 mil indígenas e a maior parte delas vive no Norte e Nordeste. O Amazonas é o estado com mais mulheres indígenas: cerca de 80 mil.

Entre os países analisados na pesquisa, menos de 15% das jovens indígenas conseguiram terminar o nível escolar secundário. A maternidade na adolescência também é maior entre as jovens indígenas, chegando a uma taxa de 31% no Panamá.

Violência

Neste ano, a Conferência sobre a Mulher da América Latina teve como discussão central a desigualdade de gênero. A representante da Cepal, Lucia Scuro, falou contou sobre a participação do Brasil no encontro.

“Creio que o principal que o Brasil sempre destaca é a política de combate à violência contra as mulheres. E eu diria que o destaque do Brasil sempre tem a ver com que, sendo um país tão grande, agora que tem uma quantidade de recursos especialmente destinados ao combate da violência, é um motor para o resto da região. Então isso faz com que outros países consigam ver que é necessário ter um orçamento específico, ter equipe técnica e ter peso político.”

Segundo a Cepal, a reunião deve ser encerrada com a assinatura do Consenso de Santo Domingo, um documento sobre a agenda da igualdade de gênero na América Latina e Caribe para os próximos anos.