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Cerca de 30% de moçambicanos estão afetados pela insegurança alimentar

Cerca de 30% de moçambicanos estão afetados pela insegurança alimentar

FAO estima em 210 mil o número de pessoas na situação; pelo menos quatro em cada dez crianças com menos de cinco anos sofrem de desnutrição crónica no país.

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.

Representantes de várias organizações e sociedade civil refletiram sobre o papel vital que os alimentos desempenham em Moçambique. O evento foi realizado, em Maputo, sob o lema “Sistemas Alimentares Sustentáveis para a Segurança Alimentar e Nutrição.”

Numa palestra subordinada ao tema Pessoas Saudáveis Dependem de Sistemas Alimentares Saudáveis, o representante do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, no país, Castro Camarada, disse estar preocupado com a percentagem de crianças afetadas por desnutrição crónica.

Crianças

“Durante o seminário referimos alguns dados, na ordem de 30% em termos da proporção da população está afetada pela insegurança alimentar. Os dados mais recentes do Setsan, Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional, referem que cerca de 210 mil pessoas estariam afetadas. Há uma proporção de crianças abaixo de cinco anos afetadas por desnutrição crónica, que anda, em média, por volta de 43%. Esse é um dado com o qual nós temos estado preocupados”, considerou.

O representante referiu, ainda, que o funcionamento do sistema alimentar apresenta enormes falhas. Ele destacou que apesar da abundante oferta de alimentos, a saúde de muitas pessoas é afetada pela falta ou excesso de consumo.

Camarada acrescentou ainda que a outra grande falha está relacionada com a falta de sustentabilidade do atual sistema alimentar, uma questão que, segundo referiu, abrange tanto a dimensão humana como a ambiental.

Produção

Com vista a alcançar progressos na produção de alimentos, na redução da desnutrição e uma gestão adequada dos recursos, a FAO e outras agências das Nações Unidas têm estado a trabalhar em programas conjuntos .

“Lançamos dois programas, não é a FAO sozinha é a FAO, Programa Mundial de Alimentação, o Ifad, a trabalhar para o alcance por exemplo da primeira meta do milénio. São dois programas que vão cobrir uma série de distritos, tem várias componentes desde produção, tecnologia pós-colheita, a educação nutricional, utilizando uma modalidade que a FAO utiliza muito, que é as escolas nas machambas dos agricultores que são o nosso ponto de entrada para difusão de tecnologias de conhecimento aos produtores para que eles aumentem a produtividade.

O responsável destacou as medidas para garantir que haja condições para manter os recursos para combater a fome .

Processos

“Também temos módulos de educação nutricional, e vamos trazer módulos de gestão ambiental também para uma gestão sustentável dos recursos florestais, da terra, da água. Por isso é que o tema deste ano refere-se a Sistemas Alimentares Sustentáveis, exatamente para trazer essa componente de sustentabilidade em tudo aquilo que são processos de produção”, disse.

Estatísticas indicam que cerca de 70% das pessoas que sofrem de fome vivem nas áreas rurais e dependem da produção alimentar para o seu sustento.