ONU investe na força dos jovens para resolução de conflitos no Sudão
Grupo que trabalha com resolução de conflitos na cidade de El Geneina conta com a ajuda da juventude para promover diálogo; jovens utilizam canções para disseminar mensagem de paz.
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
A Missão das Nações Unidas e da União Africana em Darfur, Unamid, está investindo na força dos jovens para promover a resolução de conflitos na região.
Na próxima semana, especialistas da missão irã iniciar um projeto batizado de “Liga da Juventude” para melhorar o diálogo entre jovens de várias tribos sudanesas.
Ter a Palavra
A encarregada do grupo de resolução de conflitos da Unamid, Ana Maria Valério, contou a Rádio ONU como o projeto será realizado na prática.
“Eles querem criar uma própria organização deles, onde eles vão ter a palavra. A população é jovem. Então, esse é um projeto para quando eu chegar ao Sudão. Nós vamos criar a Liga da Juventude que vai incluir várias tribos: árabe, al-gamir, vários tribos que nós pensamos que são importantes na área.”
Para a socióloga de formação Ana Maria Valério, a resolução do conflito surge da própria comunidade e da realidade local.
Origem
“Todo conflito é único. A solução é tirada exatamente da maneira como a comunidade vive. Nós analisamos. Por isso, a primeira coisa que fazemos quando nos apresentam um caso e solicitam o nosso suporte, o que fazemos é estudar e analisar, como esta comunidade vive. E o porquê da origem deste conflito, do que partiu.”
Uma da propostas para o novo trabalho com os jovens sudaneses é investir nas canções de paz. De acordo com Ana Maria Valério, a juventude de El Geneina é bem conectada e se reúne nas mesquitas, em casas de amigos e nos próprios espaços comunitários.
“Eles têm canções que são canções de paz. Antes, as canções eram utilizadas para incentivar os jovens para irem à guerra. Mas nos estamos a mudar esta cultura. Nós estamos a utilizar as canções para propagação de paz.”
O conflito em Darfur, surgido em 2003, já matou mais de 300 mil pessoas e deixou cerca de 2 milhões desabrigados.