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Após tragédia de barco, ONU pede prioridade aos direitos de migrantes BR

Após tragédia de barco, ONU pede prioridade aos direitos de migrantes

Para relator François Crépeau, União Europeia deve adotar com urgência novos canais legais para migração; mais de 100 pessoas foram confirmadas mortas após embarcação afundar em Lampedusa.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O relator especial das Nações Unidas sobre os direitos dos migrantes reiterou nesta segunda-feira seu apelo aos países da União Europeia, para que adotem com urgência uma nova abordagem ao tema.

François Crépau defende que os direitos dos migrantes sejam prioridade. Segundo ele, o incidente com um barco que afundou na costa da Itália, matando centenas, destacou que “a migração pode estar ligada a uma tragédia humana”.

Longa Lista

Segundo relatos, 500 pessoas estavam na embarcação e somente 150 foram resgatadas com vida. As vítimas, incluindo mulheres e crianças, eram da Eritreia e da Somália. O barco afundou no mar Mediterrâneo, próximo da ilha de Lampedusa.

Para o relator da ONU, a “tragédia foi apenas uma na longa lista de mortes relacionadas à migração em fronteiras, desertos, montanhas e no mar”.

Limitações

Crépau diz que se os países continuarem criminalizando a migração irregular, sem adotar novos canais para migração e limitando as possibilidades para os que buscam asilo, o número de pessoas que arriscam suas vidas só irá aumentar.

No ano passado, quando o relator visitou a Itália para avaliar o impacto dos direitos dos migrantes, ele já havia pedido à União Europeia para priorizar o tema ao desenvolver suas políticas migratórias.

Desespero

Segundo Crépau, a tragédia recente em Lampedusa faz lembrar a importância da recomendação. O especialista independente da ONU para a Somália, Shamsul Bari e a relatora para a Eritreia, Sheila Keetharuth, também lançaram apelos semelhantes.

Para Bari, o incidente mostra o “nível de desespero dos somalis, que enfrentam insegurança e a falta de direitos econômicos, sociais e culturais.”

Já Keetharuth destaca que as pessoas na Eritreia continuam saindo do país, apesar dos perigos extremos nas rotas de fuga e ressalta o grande número de crianças desacompanhadas, algumas com sete anos de idade.

Os relatores de direitos humanos elogiaram os esforços das autoridades italianas nas operações de resgate em Lampedusa.